quinta-feira, setembro 05, 2024

Colheita de sangue medular para mielograma

 Colheita de sangue medular para mielograma


Um mielograma não deve ser feito com sangue medular usando citrato de sódio como anticoagulante por várias razões:


Diluição da Amostra: O citrato de sódio dilui a amostra de sangue medular, o que pode alterar a concentração de células e dificultar a interpretação correta dos resultados. Isso pode levar a uma subestimação ou superestimação de certos tipos de células.


Alteração Morfológica: O citrato de sódio pode causar alterações morfológicas nas células, dificultando a identificação e a avaliação precisa das diferentes linhagens celulares. Isso é especialmente crítico em diagnósticos que dependem da morfologia celular, como leucemias e outras doenças hematológicas.


Interferência com Corantes: O citrato de sódio pode interferir com os corantes utilizados na coloração das lâminas, comprometendo a qualidade das preparações citológicas e, consequentemente, a interpretação microscópica.


Preferência por EDTA: O anticoagulante preferido para a coleta de amostras de medula óssea é geralmente o EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético), que preserva melhor a morfologia celular e não dilui a amostra. O EDTA é mais adequado para manter a integridade das células e garantir resultados mais precisos.



Portanto, para um mielograma preciso e confiável, é fundamental utilizar medula óssea fresca, preferencialmente sem anticoagulantes ou com EDTA, para evitar as complicações mencionadas acima.

terça-feira, setembro 03, 2024

Anomalía de May-Hegglin

Anomalía de May-Hegglin 


A anomalia de May-Hegglin é uma doença hereditária rara que afeta o sangue e que se caracteriza pela presença de trombocitopenia (baixo número de plaquetas), plaquetas anormalmente grandes e presença de corpos de Döhle nos leucócitos (um tipo de glóbulos brancos). A seguir são descritas as suas principais características e aspetos relevantes:


Principais características

1. Trombocitopenia:

- Diminuição do número de plaquetas no sangue, o que pode levar a um risco acrescido de hemorragia.


2. Plaquetas Gigantes:

- As plaquetas são maiores do que o normal, o que pode ser observado através de uma análise ao sangue.


3. Corpos Döhle:

- Inclusões citoplasmáticas azuladas nos neutrófilos, visíveis ao microscópio.



Sintomas


Os sintomas podem variar em gravidade e podem incluir:

- Hemorragia nasal.


- Fácil formação de hematomas.


- Hemorragia prolongada de feridas.


- Em casos graves, pode haver hemorragia interna.



Diagnóstico



O diagnóstico da anomalia de May-Hegglin baseia-se em:


- História clínica e exame físico.


- Exames laboratoriais, especialmente hemograma completo e exame microscópico de uma amostra de sangue para identificação de características plaquetárias e corpos de Döhle.



Tratamento



Não existe cura específica para esta anomalia. A gestão centra-se em:


- Monitorização regular dos níveis de plaquetas.


- Tratamento sintomático para controlar episódios hemorrágicos.


- Em casos graves, podem ser consideradas transfusões de plaquetas.



Genética


A anomalia de May-Hegglin é uma condição autossómica dominante, o que significa que uma única cópia do gene alterado é suficiente para uma pessoa desenvolver a perturbação. Está associada a mutações no gene MYH9, que codifica a cadeia pesada da miosina não muscular tipo IIA.


Em resumo, a anomalia de May-Hegglin é uma doença hereditária do sangue caracterizada por trombocitopenia, plaquetas gigantes e corpos de Döhle nos neutrófilos. A sua gestão é sobretudo sintomática e de suporte, sendo o diagnóstico feito através de análises sanguíneas específicas.


Técnicas laboratoriais de estudo e doseamento de microRNA

 

Técnicas laboratoriais de estudo e doseamento de microRNA


O estudo e doseamento de microRNAs (miRNAs) no laboratório envolvem várias técnicas sofisticadas. Os miRNAs são pequenas moléculas de RNA não codificante que regulam a expressão gênica, e sua quantificação precisa é crucial para pesquisas em biologia molecular, diagnósticos e desenvolvimento de terapias. Aqui estão algumas das principais técnicas utilizadas:



1. Extração de miRNA:


- Kit de Extração de RNA Total: Kits comerciais, como o TRIzol ou os kits de colunas de sílica, são usados para isolar o RNA total, incluindo os miRNAs, de amostras biológicas.


- Extração Específica para miRNA: Kits específicos que enriquecem a fração de miRNA, eliminando moléculas de RNA maiores.



2. Quantificação e Avaliação de Qualidade:


- Espectrofotometria (Nanodrop): Para avaliar a concentração de RNA e sua pureza.


- Bioanalisador (Agilent Bioanalyzer ou similar): Avalia a integridade do RNA e quantifica as frações de miRNA.



3. Técnicas de Quantificação de miRNA:



- qRT-PCR (Reverse Transcription Quantitative PCR):


- Uma das técnicas mais comuns para quantificar miRNAs.


- Envolve a conversão dos miRNAs em cDNA utilizando uma transcriptase reversa, seguida de amplificação quantitativa.


- Utiliza primers específicos para cada miRNA ou uma abordagem universal com um primer específico para o miRNA e um primer universal para a cauda adicionada durante a transcrição reversa.



- Northern Blotting:


- Técnica tradicional para a detecção de miRNAs, onde o RNA é separado por eletroforese e hibridizado com sondas marcadas específicas para o miRNA de interesse.


- Menos sensível e mais laboriosa, mas útil para validação de resultados.



- Sequenciamento de RNA (RNA-Seq):


- Oferece um perfil abrangente de miRNAs, permitindo a detecção de novos miRNAs.


- Envolve a construção de bibliotecas de cDNA a partir dos miRNAs e sequenciamento em plataformas de alta capacidade (como Illumina).


- Requer análise bioinformática para quantificação e identificação dos miRNAs.



- Microarray de miRNA:


- Utiliza sondas específicas para miRNAs conhecidas imobilizadas em um chip.


- Permite a quantificação de múltiplos miRNAs simultaneamente.


- Menos sensível que qRT-PCR, mas útil para perfis de expressão de larga escala.



- Digital PCR (dPCR):


- Uma técnica avançada para quantificação absoluta de miRNAs.


- Divide a amostra em milhares de pequenas reações para amplificação individual, permitindo a quantificação exata das cópias de miRNA.



- Hibridização in situ (ISH):


- Permite a localização espacial de miRNAs dentro de células ou tecidos, usando sondas de oligonucleotídeos marcadas.


- Útil para estudos de expressão tecidual.



4. Validação Funcional:


- Knockdown ou Overexpressão de miRNA:


- Usado para investigar o papel funcional dos miRNAs.


- Pode ser realizado utilizando inibidores de miRNA (antagomirs) ou miméticos de miRNA.



Considerações Finais:


A escolha da técnica depende do objetivo do estudo, da quantidade e da qualidade da amostra disponível, da necessidade de quantificação absoluta ou relativa, e dos recursos laboratoriais. A combinação de diferentes métodos pode ser necessária para confirmar resultados e obter uma compreensão abrangente dos miRNAs em estudo.


Comparação entre calprotetina fecal, miRNA e mtDNA como marcadores na Doença de Crohn

Comparação entre calprotetina fecal, miRNA e mtDNA como marcadores na Doença de Crohn 



O diagnóstico e o acompanhamento da Doença de Crohn são desafiadores e requerem biomarcadores precisos para avaliar a atividade e a progressão da doença. Tanto o microRNA (miRNA) quanto a calprotectina são utilizados como biomarcadores, mas cada um tem suas vantagens específicas. Vamos explorar as vantagens do uso de miRNAs em comparação com a calprotectina no diagnóstico precoce e no acompanhamento da Doença de Crohn:


Vantagens do microRNA no diagnóstico precoce e follow-up da Doença de Crohn:

1. Diagnóstico Precoce e Sensibilidade: Os miRNAs têm mostrado potencial para detecção precoce da Doença de Crohn antes que sintomas clínicos se tornem evidentes. Eles podem detectar alterações moleculares nos estágios iniciais da doença, oferecendo uma vantagem sobre a calprotectina, que é mais indicativa de inflamação já estabelecida.

2. Especificidade para Subtipos de Doença: Diferentes miRNAs podem estar associados a subtipos específicos da Doença de Crohn, permitindo uma caracterização mais detalhada do fenótipo da doença. Isso pode ajudar na personalização do tratamento e no manejo da doença de acordo com o perfil molecular do paciente.

3. Menor Invasividade: Os miRNAs podem ser detectados em fluidos corporais, como sangue, saliva e urina, tornando o processo de coleta menos invasivo em comparação com a necessidade de fezes para a medição da calprotectina.

4. Monitoramento da Resposta ao Tratamento: Os níveis de miRNAs podem refletir mudanças na atividade da doença e responder mais rapidamente ao tratamento do que a calprotectina, que pode demorar a mostrar alterações nos níveis após intervenções terapêuticas.

5. Previsão de Recorrências: Alguns miRNAs têm potencial para prever flares ou recidivas da Doença de Crohn, proporcionando uma ferramenta valiosa para o acompanhamento a longo prazo e a modulação do tratamento antes que ocorra um agravamento clínico.

6. Correlação com Processos Patológicos Específicos: Os miRNAs estão diretamente envolvidos na regulação da expressão gênica e em processos patológicos fundamentais, como inflamação e resposta imune, o que pode oferecer insights mais precisos sobre os mecanismos da doença em comparação com biomarcadores inflamatórios como a calprotectina.


Comparação com Calprotectina:


- Calprotectina é um marcador de inflamação intestinal derivado de neutrófilos, amplamente usado para avaliar a atividade inflamatória na Doença de Crohn. Embora seja útil e não invasiva, sua principal limitação é a falta de especificidade para diferentes tipos de inflamação intestinal e a possível variação nos resultados devido a outras condições inflamatórias ou infecciosas.

- MicroRNAs, por outro lado, oferecem um perfil molecular mais detalhado, são menos suscetíveis a variações por outras inflamações inespecíficas e podem fornecer informações sobre a expressão gênica que vai além do simples estado inflamatório.



Conclusão:

Enquanto a calprotectina continua sendo uma ferramenta importante para o diagnóstico e acompanhamento da Doença de Crohn devido à sua facilidade de uso e ampla disponibilidade, os miRNAs representam uma alternativa promissora com potencial para diagnósticos mais precoces, especificidade melhorada, e um acompanhamento mais detalhado da doença. A integração de miRNAs no manejo clínico da Doença de Crohn pode levar a uma medicina mais personalizada e a um controle mais eficaz da doença.




Para o diagnóstico precoce e acompanhamento da Doença de Crohn, o DNA mitocondrial, microRNA (miRNA) e calprotectina oferecem diferentes vantagens e têm limitações específicas. Vamos comparar esses três biomarcadores para entender melhor como eles se aplicam ao diagnóstico precoce e ao acompanhamento da Doença de Crohn:


1. DNA Mitocondrial (mtDNA)


Vantagens:

- Marcador de Estresse Celular e Inflamação: O DNA mitocondrial livre no sangue pode ser um indicador de estresse celular e inflamação, que são características comuns na Doença de Crohn.

- Sensibilidade à Disfunção Mitocondrial: O mtDNA pode refletir disfunções mitocondriais associadas a processos inflamatórios crônicos, proporcionando uma visão sobre alterações metabólicas e inflamatórias que ocorrem precocemente.

- Potencial para Diagnóstico Precoce: Pode ser útil para identificar respostas imunes desreguladas antes que a inflamação se torne evidente clinicamente.


Desvantagens:

- Especificidade Limitada: O mtDNA elevado pode ocorrer em várias condições inflamatórias e infecciosas, não sendo específico para a Doença de Crohn.

- Correlação Variável com a Atividade da Doença: A correlação entre os níveis de mtDNA e a atividade da Doença de Crohn pode não ser consistente, limitando sua utilidade no acompanhamento da progressão da doença.



2. microRNA (miRNA)


Vantagens:

- Diagnóstico Precoce e Alta Sensibilidade: Os miRNAs podem detectar mudanças moleculares iniciais associadas à Doença de Crohn, possibilitando um diagnóstico precoce.

- Especificidade para a Doença: Certos miRNAs estão associados a padrões específicos de expressão na Doença de Crohn, o que pode ajudar na distinção de outras doenças inflamatórias intestinais.

- Versatilidade no Follow-up: Podem ser utilizados para monitorar a resposta ao tratamento e prever recidivas, oferecendo um acompanhamento dinâmico da doença.

- Menos Invasivo: Podem ser detectados em amostras de sangue, saliva ou outros fluidos corporais.


Desvantagens:

- Complexidade na Análise: A interpretação dos perfis de miRNA pode ser complexa, exigindo tecnologia avançada e padronização para aplicação clínica ampla.

- Custo Elevado: A análise de miRNAs pode ser mais cara em comparação com biomarcadores mais estabelecidos como a calprotectina.


3. Calprotectina


Vantagens:

- Facilidade de Uso e Disponibilidade: A calprotectina fecal é um biomarcador amplamente usado e de fácil acesso, com protocolos bem estabelecidos para monitorar inflamação intestinal.

- Boa Correlação com Inflamação Intestinal: É um marcador direto de inflamação intestinal, útil tanto para o diagnóstico quanto para o acompanhamento da atividade da Doença de Crohn.

- Custo-efetivo: É relativamente barata e de fácil realização, sendo uma escolha comum para monitoramento de pacientes.

Desvantagens:

- Especificidade Limitada para a Doença de Crohn: A calprotectina pode estar elevada em várias condições inflamatórias intestinais, como a colite ulcerativa e infecções intestinais.


- Menor Sensibilidade para Diagnóstico Precoce: Geralmente reflete inflamação ativa, e pode não ser útil para detectar a doença nos estágios muito iniciais, antes da inflamação significativa.


- Variabilidade nos Resultados: Os níveis de calprotectina podem ser influenciados por fatores dietéticos, medicamentosos e outras condições inflamatórias.



Comparação Resumida





Conclusão


Cada biomarcador tem suas vantagens específicas, e a escolha ideal pode depender do contexto clínico e dos recursos disponíveis. Os miRNAs oferecem alta sensibilidade e especificidade para o diagnóstico precoce e acompanhamento personalizado, mas com maior custo e complexidade analítica. O DNA mitocondrial pode fornecer insights sobre estresse celular precoce, mas com limitações de especificidade. A calprotectina continua sendo uma ferramenta prática e amplamente aceita para monitoramento da inflamação, mas com limitações para diagnóstico precoce e especificidade da doença.


Uma abordagem integrada que combine diferentes biomarcadores pode proporcionar uma avaliação mais completa e personalizada da Doença de Crohn.



Limitações da utilidade da calprotetina em doentes fazendo anti-inflamatórios

 Limitações da utilidade da calprotetina em doentes fazendo anti-inflamatórios


Podem os AINEs interferir nos níveis de calprotetina fecal?

Sim, é verdade! Os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) podem interferir nos níveis de calprotetina fecal, levando a resultados que podem não refletir com precisão a atividade inflamatória intestinal. Os AINEs podem causar irritação ou inflamação do trato gastrointestinal, o que pode aumentar os níveis de calprotetina mesmo na ausência de uma exacerbação da doença de Crohn.


Portanto, ao interpretar os níveis de calprotetina fecal em doentes que estão a tomar AINEs, é importante ter em conta esta possível interferência. Pode ser necessário complementar a avaliação com outros métodos, como endoscopia ou imagiologia, e considerar o quadro clínico geral do doente. 





O tratamento com mesalazina pode limitar a utilidade da calprotetina fecal no diagnóstico e/ou follow up de um doente com Doença de Crohn?

Não, a mesalazina não é um AINE. A mesalazina é um anti-inflamatório específico para o trato gastrointestinal, usado principalmente no tratamento de doenças inflamatórias intestinais, como a doença de Crohn e a colite ulcerosa.


Os AINEs, como o ibuprofeno ou o naproxeno, são utilizados para tratar dor e inflamação em geral, mas podem causar efeitos adversos no trato gastrointestinal, como já mencionado. A mesalazina, por outro lado, atua localmente no intestino para reduzir a inflamação sem os mesmos riscos de irritação gastrointestinal que os AINEs podem causar.


Portanto, ao usar mesalazina, não há que ter preocupações com a interferência nos níveis de calprotetina da mesma forma que com os AINEs.

Marcadores da Doença de Crohn

Marcadores da Doença de Crohn


No follow-up da doença de Crohn, a calprotetina fecal é geralmente considerada um dos melhores marcadores para monitorizar a atividade inflamatória intestinal. A calprotetina é uma proteína encontrada nos neutrófilos, e os seus níveis aumentam em resposta à inflamação no trato gastrointestinal.

O DNA mitocondrial e os microRNAs também têm sido estudados como possíveis marcadores, mas a calprotetina é amplamente utilizada na prática clínica devido à sua boa correlação com a inflamação e à sua facilidade de medição através de uma amostra fecal.

Portanto, se estás a acompanhar um paciente com doença de Crohn, a calprotetina fecal pode ser uma ferramenta muito útil para avaliar a atividade da doença e ajustar o tratamento conforme necessário. 


Controlo de qualidade

 Controlo de qualidade


Uma curva de calibração é uma representação gráfica que mostra a relação entre a concentração de um analito (substância a ser medida) e a resposta de um instrumento de medição. Para construir uma curva de calibração para um parâmetro analítico, siga os passos abaixo:


1. Preparação de Soluções Padrão


Prepare uma série de soluções padrão com concentrações conhecidas do analito. Essas soluções devem cobrir a faixa de concentrações esperada nas amostras desconhecidas.


2. Medição da Resposta Instrumental


Para cada solução padrão, meça a resposta do instrumento de análise (por exemplo, absorbância, intensidade de emissão, corrente elétrica, etc.). Garanta que as condições experimentais sejam constantes para todas as medições.


3. Construção da Curva de Calibração


Plote os valores da resposta do instrumento (eixo y) contra as concentrações conhecidas das soluções padrão (eixo x). A curva resultante deve ser linear ou ter uma forma previsível que possa ser modelada matematicamente (por exemplo, exponencial, quadrática).


4. Ajuste da Curva


Ajuste os dados a um modelo matemático adequado, geralmente uma regressão linear para uma resposta linear. A equação da linha ajustada (ou curva) será utilizada para determinar as concentrações de analito nas amostras desconhecidas.


5. Validação da Curva de Calibração


Verifique a precisão e a exatidão da curva de calibração. Isso pode incluir a verificação dos coeficientes de correlação (R²) e a avaliação de erros relativos ou absolutos.


6. Uso da Curva para Determinação de Concentrações


Com a equação obtida da curva de calibração, é possível determinar a concentração do analito nas amostras desconhecidas, medindo a resposta instrumental e aplicando-a à equação da curva.


### Exemplo Prático


Vamos considerar um exemplo com medições de absorbância para determinar a concentração de uma substância. Suponha que tenhamos os seguintes dados:


| Concentração (mg/L) | Absorbância |

|---------------------|-------------|

| 0                          | 0.00        |

| 1                          | 0.10        |

| 2                          | 0.20        |

| 3                          | 0.30        |

| 4                          | 0.40        |


Para esses dados, a curva de calibração seria uma linha reta com a equação \( \text{Absorbância} = a \cdot \text{Concentração} + b \), onde \( a \) é a inclinação e \( b \) é o intercepto.

 Dicas e Considerações


- Linearidade: Verifique se a resposta é linear na faixa de concentração utilizada.

- Limite de Detecção e Quantificação: Determine os limites inferiores de detecção e quantificação.

- Repetibilidade: Verifique a repetibilidade das medições para garantir resultados confiáveis.


Esses passos e considerações ajudam a garantir que a curva de calibração seja precisa e útil para quantificar a concentração de um analito nas amostras de interesse.





Uma carta de controlo de qualidade, também conhecida como carta de controle ou gráfico de controle, é uma ferramenta usada para monitorar e controlar processos de produção ou operações. Ela permite detectar variações que possam indicar problemas de qualidade, seja por causas comuns (naturais ao processo) ou causas especiais (anomalias).


 Passos para Construção de uma Carta de Controlo de Qualidade


1. Definição do Processo e das Variáveis de Interesse

   - Escolha do parâmetro de controle: Pode ser uma característica do produto (como peso, dimensão, etc.) ou uma métrica do processo (como tempo de ciclo).

   - Definição dos limites de especificação: Estes são os valores máximos e mínimos aceitáveis para o parâmetro de controle, com base nos requisitos do cliente ou normas.


2. Coleta de Dados

   - Amostragem: Coleta de dados de forma regular e consistente ao longo do tempo. O tamanho das amostras e a frequência de coleta dependem da natureza do processo e da variação esperada.

   - Registros: Anote os valores medidos para o parâmetro de controle para cada amostra.


3. Cálculo dos Estatísticos

   - Média (X̄): A média dos valores medidos para cada amostra. É o valor central da carta de controle.

   - Amplitude (R) ou Desvio Padrão (σ): A amplitude é a diferença entre o valor máximo e o valor mínimo da amostra, usada em cartas R. O desvio padrão pode ser usado em cartas S.


4. Determinação dos Limites de Controle

   - Limite Central (CL): A média dos valores médios das amostras (\( \overline{X} \)).

   - Limite de Controle Superior (UCL): Calculado como \( CL + k \cdot \sigma \), onde \( k \) é um fator (geralmente 3) que define o número de desvios padrão acima do limite central.

   - Limite de Controle Inferior (LCL): Calculado como \( CL - k \cdot \sigma \).


   Para cartas de controle R, \( \sigma \) é geralmente substituído por \( R \), e os limites de controle são ajustados com base em tabelas específicas para gráficos de controle.


5. Plotagem dos Dados na Carta de Controle

   - Eixo x: Representa o tempo ou a sequência de amostragem.

   - Eixo y: Representa os valores medidos do parâmetro de controle.

   - Plote a média de cada amostra no gráfico, juntamente com os limites de controle e o limite central.


6. Interpretação e Ação

   - Análise de Padrões: Identifique padrões como tendências, ciclos, ou pontos fora dos limites de controle. Isso pode indicar variações de causa especial.

   - Ação Corretiva: Se pontos fora dos limites ou padrões anômalos forem detectados, investigue a causa e tome ações corretivas para retornar o processo ao controle.


Tipos Comuns de Cartas de Controle


1. Carta X̄-R: Usada para monitorar a média e a amplitude de amostras de tamanho pequeno.

2. Carta X̄-S: Usada para monitorar a média e o desvio padrão de amostras de tamanho maior.

3. Carta p: Usada para controlar a proporção de itens defeituosos em uma amostra.

4. Carta np: Usada para controlar o número de itens defeituosos em uma amostra.

5. Carta c: Usada para controlar o número de ocorrências de um evento em uma amostra de tamanho constante.

6. Carta u: Usada para controlar o número de ocorrências de um evento em uma amostra de tamanho variável.


Conclusão


Uma carta de controle é uma ferramenta essencial na gestão da qualidade, ajudando a monitorar e manter a estabilidade de um processo ao longo do tempo. A sua construção e interpretação exigem uma boa compreensão do processo e da estatística envolvida.






Para a construção de uma carta de controlo de qualidade, o procedimento adequado geralmente envolve o uso de uma série de amostras independentes, coletadas ao longo do tempo, que representam o processo em condições normais de operação. A razão para isso é capturar a variação natural do processo, incluindo variações devido a pequenas mudanças nas condições de produção, materiais, operadores, etc.


Amostragem de População de Amostras Diferentes


Método Recomendado:

1. Coleta de Múltiplas Amostras ao Longo do Tempo:

   - Objetivo: Capturar a variação natural do processo.

   - Procedimento: Coletar amostras em intervalos regulares, sob condições de operação normais.

   - Tamanho das Amostras: Para cartas X̄-R ou X̄-S, geralmente são usadas amostras de tamanho pequeno a moderado (por exemplo, n = 4 ou 5).

   - Quantidade de Amostras: É comum utilizar pelo menos 20 a 25 conjuntos de amostras (ou mais), para assegurar uma boa estimativa da variação do processo.


Cálculo dos Estatísticos:

- Média (X̄): Calculada como a média dos valores de uma amostra.

- Desvio Padrão (S) ou Amplitude (R): Calculado para cada amostra. No caso de cartas X̄-R, usa-se a amplitude \( R \); para cartas X̄-S, usa-se o desvio padrão \( S \).


Uso de Múltiplas Determinações da Mesma Amostra


Método Alternativo (Menos Comum para Cartas de Controle):

- Objetivo: Focar na precisão do instrumento ou método de medição.

- Procedimento: Realizar várias medições da mesma amostra para obter uma estimativa precisa da média e do desvio padrão do método.

- Aplicação: Este método é mais relevante para estudos de repetibilidade e reprodutibilidade (R&R) do sistema de medição, não para a construção de cartas de controle de processos.


Conclusão


Para a construção de cartas de controle de processos, o mais adequado é utilizar uma população de amostras diferentes, coletadas em diferentes momentos, que representem o processo em condições normais. Isso fornece uma imagem mais realista e útil da variação do processo e ajuda a identificar tendências ou causas especiais de variação.


Portanto, deve-se coletar amostras separadas ao longo do tempo, em vez de realizar múltiplas medições na mesma amostra, para garantir que a carta de controle reflete a verdadeira variabilidade do processo, e não apenas a precisão do método de medição.