Neopterina
Neopterinas
são produzidas por monócitos, macrófagos e células dentríticas
activados após estimulação pelo γ-interferão produzido pelos
linfócitos T
Os
níveis séricos da neopterina têm uma capacidade de previsão de
mortalidade relacionada com HIV mais eficiente do que as
manifestações clínicas. Níveis de neopterina elevados foram
associados com hepatite pelos vírus da hepatite A, B e C. Níveis
séricos de neopterina foram verificados como capazes de prever a
resposta ao tratamento da infecção crónica do HCV com interferão
peguilado combinado com ribavirina.
O
baixo peso molecular da neopterina permite-lhe a passagem rápida na
área intravasal onde é libertada na urina após filtração
glomerular. A semi-vida no corpo humano é apenas afectada pela
excreção renal. Pode ser considerada como um marcador geral da
actividade imunológica.
Medição
de concentrações de neopterina nos fluídos corporais como soro
sanguíneo, LCR ou urina dá informações sobre activação da
imunidade celular sob o controlo das Th1. Alta produção de
neopterina está associada com aumento da produção de radicais
livres de oxigénio. O aumento da neopterina encontra-se nas
seguintes doenças, entre outras:
- infecções virais incluindo SIDA, hepatite B e C
- infecções bacterianas incluindo tuberculose e doença de Lyme ( Borrelia )
- infestações por parasitas como o plasmodium
- doenças autoimunes como artrite reumatóide e lupus
- tumores malignos
- rejeição de allograft
- leucodistrofia denominada sindrome Aicardi-Goutieres
- depressão
- politraumatizados
- follow-up de infecções crónicas e monitorização de terapêutica imunoestimulante
A
concentração de neopterina em asmáticos, alérgicos ou não
alérgicos, apresenta-se diminuída.
Eliminação
de dadores de sangue com níveis elevados de neopterina reduz o risco
de transmissão de infecções por patogéneos virais conhecidos ou
desconhecidos.
Neopterina
é um marcador inespecífico de resposta imune mediada pelas Th1 activadas.
A
neopterina é produzida a partir da GTP via guanosina trifosfato
ciclohidrolase 1 ( GTPCH 1 ) pelos monócitos activados, macrófagos
activados, células dendríticas activadas e células endoteliais
activadas e, num grau menor, nas células do epitélio renal,
fibroblastos e músculo liso vascular após estimulação
principalmente pelo γ-interferão e, em menor grau, pelo α-
interferão e β-interferão, sendo a sua libertação aumentada pelo
α-TNF.
A
expressão do mRNA da GTPCH 1 é sinergistica e
independentemente induzida pelo γ-interferão através da via
JAK/STAT de regulação de transcripção nuclear e através da
α-TNF pela via do NF-kB.
Durante
as infecções virais agudas, níveis aumentados de neopterina têm
sido observados e correlacionam-se bem com a actividade da doença. A
determinação da neopterina em dadores de sangue é um excelente
meio para reduzir o risco de infecções através das transfusões
sanguíneas.
Níveis
elevados de neopterina nos fluídos corporais são encontrados no
final do período de incubação, antes do início dos sintomas
clínicos. Os mais elevados níveis de neopterina ocorrem
imediatamente antes dos anticorpos específicos contra os vírus se
tornarem detectáveis, o que se verifica 2-4 semanas após o início
do aumento da produção de neopterina.
Imunização
com vírus vivos, por exemplo varicela, papeira e rubéola e
vacinações com vírus, resulta num aumento de neopterina
independente da presença de qualquer sintoma. Neopterina deve ser
investigado como marcador para avaliar a eficácia protectora da
imunidade celular por vacinas estimuladoras contra micobactérias,
parasitas ou doenças virais.
Neopterina
em infecções virais revelou-se ser capaz de retardar o
desenvolvimento de efeitos citopáticos do coxsackie B5 em células
Hep-2. O mecanismo proposto é a estimulação da expressão da
sintase do óxido nitríco levando a um aumento da produção do
óxido nítrico. Outros mecanismos incluem a indução da
translocação para o núcleo do NF-kB.
Níveis
plasmáticos de neopterina correlacionam-se com a carga viral
plasmática do HIV. Níveis de neopterina podem prever a mortalidade
relacionada com o HIV. Alterações nos níveis de microglobulina
mostram a mais alta sensibilidade na detecção do agravamento ( 43 %
) com a neopterina sendo ligeiramente menos sensível ( 41.9 % )
seguida das imunoglobulinas ( 26.8 – 35.2 % ) e adenosina deaminase
sendo a que apresenta mais baixa sensibilidade ( 21.8 % ).
Neopterina
é um marcador de certeza particularmente útil para a monitorização
do control da replicação do HIV nos países em desenvolvimento onde
a medição da carga viral não é facilmente disponível e pode ser
uma alternativa mais barata particularmente se forem usadas tiras
semiquantitativas para testar em urina.
Neopterina
apresenta-se elevada na urina em mais de 96% das situações com os
níveis mais elevados encontrados em doentes com hepatite A aguda.
Os níveis de neopterina não refletem lesão hepatocelular. Níveis
de neopterina correlacionam-se muito bem com ALT em doentes
infectados com HCV. Os níveis de neopterina apresentam-se como um
útil parâmetro de previsibilidade da resposta ao tratamento, com
interferão peguilado combinado com ribavirina, da HCV crónica.
Doentes
cirróticos apresentam níveis de neopterina significativamente mais
elevados do que os observados nos doentes com hepatite crónica.
As
concentrações de neopterina usualmente se correlacionam com a
extensão e actividade da doença e também é útil na monitorização
da terapêutica. Concentrações elevadas de neopterina estão entre
os melhores marcadores capazes de prever complicações em doentes
com SIDA, doença cardiovascular e vários tipos de cancro.
Neopterina
tem sido investigada com o intuito de servir como marcador capaz de
distinguir infecções do tracto respiratório inferior bacterianas
de virais. Os investigadores encontraram que os níveis séricos de
neopterina estão elevados ( > 10 nmol/l ) em 96% de doentes com
infecções virais. A concentração de neopterina sérica média era
de cerca do dobro nas infecções virais comparativamente com as
infecções bacterianas e cerca de 5 vezes as concentrações de
controlos normais. A especificidade da neopterina na identificação
correcta de infecção do tracto respiratório inferior por virus é
de cerca de 69.5% para um cut-off de 15 nmol/l. Doentes a fazerem
corticoterapia apresentam um nível de neopterina sérica
significativamente mais baixo.
Níveis
de neopterina estão elevados no líquor de doentes com meningite
asséptica e encefalomielite por herpes simplex ou sarampo. Níveis
de neopterina no LCR refletem a produção intratecal pela micróglia
uma vez que as pterinas têm uma baixa permeabilidade através da
barreira hematoencefálica com uma razão soro/LCR de cerca de 1 para
40. Neopterina do LCR em quantidades normais é derivada do cérebro.
Os níveis de neopterina no LCR correlacionam-se bem com a contagem
de monócitos no LCR. Em doentes com HIV há uma relação estreita
entre a severidade da demência relacionada com SIDA e os níveis da
neopterina no LCR..
Nas
infecções bacterianas os doentes com sintomatologia de pelo menos 5
dias têm concentrações de neopterina significativamente mais altas
do que os doentes em fase mais aguda. Doentes em unidades de
cuidados intensivos com sépsis e choque séptico, a razão
neopterina / creatinina é significativamente mais alta
comparativamente com doentes com outras formas de inflamações
sistémicas e níveis de neopterina séricos são mais altos nos não
sobreviventes comparativamente com os sobreviventes de sépsis e
scores de falência multiorgânica correlacionam-se com os níveis de
neopterina.
Níveis
de neopterina correlacionam-se negativamente com função renal
reduzida refletindo falência renal causando uma redução da
excreção da neopterina.
Doentes
com infecção a Mycobacterium tuberculosis, apresentam
em 83% dos casos níveis acima do limite superior de referência. A
correlação com a extensão da tuberculose pulmonar verifica-se com
os níveis de neopterina séricos bem como do lavado bronquioalveolar
ou da urina. A elevação da concentração de neopterina em doentes
com tuberculose é mais pronunciada na urina do que no soro ou lavado
brônquico.
Doentes
com tuberculose pulmonar apresentam níveis urinários de neopterina
mais elevados do que doentes com cancro ou pneumonia, sendo a
concentração mais do dobro da reportada para os adultos. A
concentração de neopterina pode distinguir tuberculose activa da
sua forma latente.
Em
doentes com malária por P. falciparum
ou P.vivax os níveis
urinários de neopterina apresentam-se elevados, mesmo naqueles com
baixo grau de parasitemia, observando-se valores de 664-5189 μmol
neopterina / mol creatinina.
Produção
da neopterina na malária por P.falciparum
parece ser um efeito directo dos antigenes do plasmódio nos
monócitos/macrófagos. Tratamento com cloroquina é seguido de uma
diminuição dos níveis de neopterina urinários.
Podemos
dizer que a neopterina é um marcador inespecífico da imunidade
mediada por células envolvendo a libertação do γ-interferão.
Neopterina pode ser um muito útil marcador para mais precisa
estimativa da extensão da doença e assim do seu prognóstico.
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Quando os linfócitos
T reconhecem estruturas estranhas ou próprias modificadas, eles
começam a produzir diferentes neopterinas. Acredita-se que a
concentração de neopterina reflete o efeito combinado das
influências reguladoras positivas e negativas sobre a população
dos monócitos/macrófagos activados pelo γ-interferão, substância
esta principalmente formada pelos linfócitos T activados e é o
desencadeante para a formação da neopterina. Esta é a razão pela
qual o grau de activação dos linfócitos T, especialmente o Th1, os
quais são responsáveis pela produção de γ-interferão e IL-2, é
de grande importância na produção de neopterina.
A
neopterina é bioquímicamente inerte e a sua semivida no organismo
humano depende unicamente da excreção renal.
Determinação
da neopterina pode ser considerada como marcador indirecto para a
quantidade do stress oxidativo induzido imunologicamente. In
vitro, derivados de neopterina induzem expressão de NF-kB.
Apoptose é induzida ou intensificada por derivados da neopterina e
por exemplo a formação da eritropoietina é inibida. Neopterina e
7,8-dehidroneopterina hiperregulam a expressão do proto-oncogéneo
c-fos e dessa maneira esta substância pode estar envolvida na
transformação maligna das células.
Alterações
das concentrações séricas da neopterina são refletidas pelos
níveis urinários enquanto a função renal não estiver alterada.
De facto, há uma sensibilidade igual das medições de neopterina no
soro e na urina. As amostras devem ser protejidas da luz solar dado
que a neopterina apresenta alguma sensibilidade à radiação da luz
solar directa.
A
concentração da neopterina no soro ou plasma é estável 3 dias à
temperatura ambiente. Repetidos ciclos congelação-descongelação
devem ser evitados pois pode fazer decrescer a concentração de
neopterina.
Existe
uma variação diurna da razão neopterina/creatinina: na primeira
urina da manhã a razão é maior ( cerca de 20% superior )
comparativamente com o resto do dia.
Não
há diferenças significativas dos valores das concentrações no
soro e no plasma. A concentração média de neopterina é de 5.2 ±
2.5 mmol/ l . Valores normais e limites superiores do intervalo de
referência ( percentil 95 ) dependem da idade. A concentração de
neopterina no LCR é algo inferior comparativamente às concentrações
encontradas no soro ou no plasma.
Conexão
temporal entre o desenvolvimento dos sintomas da malária e as
concentrações de neopterina séricas foi demonstrada com o
P.falciparum tendo-se observado que a concentração de
neopterina sobe ainda antes da subida da temperatura.
Em doentes
com tuberculose pulmonar, a concentração de neopterina corresponde
à extensão e actividade da doença. Durante a terapêutica os
valores de neopterina mostram uma pronta resposta ainda mais rápida
que outros marcadores como VS ou raio X. O agravamento da doença
também é indicado mais precocemente pela subida das concentrações
de neopterina do que por outros marcadores.
A
concentração de neopterina é capaz de fazer o diagnóstico
diferencial entre infecções bacterianas ( valores menores ) e
virais ( valores superiores ).
Complicações
sépticas podem ser previstas em doentes politraumatizados ou
submetidos a cirurgia pelas concentrações da neopterina.
Nas
DII, sejam elas doença de Crohn, colite ulcerosa ou doença celíaca,
os níveis de neopterina estão fortemente correlacionados com a
actividade da doença. Desta forma scores foram desenvolvidos
baseados apenas na concentração de neopterina, hematócrito e
frequência de fezes líquidas, tendo-se verificado que este simples
score atinge semelhantes resultados comparativamente com o CDAI.
Quantificação
da neopterina nas DII é útil na monitorização terapêutica das
DII.
Também
foi verificada correlação entre a concentração de neopterina e a
extensão da lesão cardíaca nas situações de cardiomiopatia
dilatada. Indivíduos saudáveis com risco aumentado de
arteriosclerose apresentam-se com níveis de neopterina
estatisticamente mais elevados do que pessoas com baixo risco de
arteriosclerose, mas as alterações da concentração de neopterina
usualmente permanecem dentro dos limites do intervalo de referência
para os indivíduos saudáveis. Pelo contrário, doentes após
enfarte de miocárdio temporariamente aumentam as concentrações de
neopterina.
Certas
doenças malignas estão associadas a níveis mais altos de
neopterina. No entanto, dado que a neopterina é libertada por
células do sistema imunológico mas não por células tumorais,
neopterina não é um marcador tumoral em sentido comum: activação
das células T, provavelmente induzida por células malignas, leva à
formação de citoquinas e à activação de monócitos/macrófagos
para a produção de neopterina. A maioria dos doentes com neoplasias
hematológicas mostra concentrações aumentadas de neopterina
enquanto que em doentes com cancro da mama os níveis de neopterina
estão geralmente normais ou muito pouco aumentados.
Valor
preditivo significativo para o prognóstico foi encontrado com os
valores da concentração de neopterina antes do início da
terapêutica, nomeadamente em neoplasias ginecológicas e
hematológicas, em doentes com carcinoma dos brônquios, cancro da
próstata, carcinoma hepatocelular e cancro gastrointestinal.
Correlação verifica-se durante o tratamento nas situações de
curso sem complicações, mas pelo contrário nas situações de
remoção incompleta do tumor ou recorrência do processo maligno
verifica-se manutenção de concentrações altas ou em subida de
neopterina. A concentração de neopterina pode ser usada também
para o diagnóstico como indicador adicional na diferenciação entre
doença benigna e maligna..
As
mesmas citoquinas responsáveis de forma importante na produção da
neopterina parece serem essenciais no desenvolvimento da anemia e
perda de peso.
Transfusão
sanguínea ou de produtos sanguíneos sempre apresenta um certo risco
de transmissão de agentes infecciosos ou provavelmente também
processos malignos. Até hoje apenas alguns poucos testes específicos
para anticorpos contra os agentes mais perigosos, nomeadamente HIV e
vírus das hepatites, são executados com regularidade. Devido a
razões logísticas é apenas possível introduzir um número
limitado de tais testes específicos no screening de rotina das
doações de sangue. Uma vez que há vários patogéneos que não
podem ser despistados por esta forma, exame anamnésico deve pelo
menos parcialmente preencher esta lacuna. Assim, o chamado “teste
inespecífico” de medição da concentração de neopterina pode
ser útil para detectar várias patologias que representam um certo
risco para os doentes transfundidos. Infecções com vírus,
incluindo os retrovirus, bactérias que vivem intracelularmente mas
também processos auto-imunes e certas doenças malignas levam a
activação do sistema imune celular e consequentemente à subida da
neopterina em indivíduos mesmo que assintomáticos.
Concentrações de
neopterina estão aumentadas já nas fases mais iniciais das
infecções, mesmo antes dos anticorpos específicos serem
produzidos, sendo assim capaz de estreitar o chamado período de
janela.