Síndrome
de Richter
Síndrome de Richter é uma complicação rara da LLC,
em que há uma evolução para uma forma mais agressiva, em que as
células B apresentam um crescimento mais rápido.
O síndrome de Richter se apresenta em 2-8% dos casos de
LLC.
Os doentes com síndrome de Richter apresentam
sintamatologia B: febre, emagrecimento e perda de massa muscular e
adenopatias. O tumor acelera-se num ou mais gânglios, atingindo o
fígado, pele , ossos e tracto gastrointestinal. Mesmo em doentes com
LLC em remissão, o síndrome de Richter pode aparecer de forma
repentina, tendo um prognóstico muito grave, com sobrevida da ordem
dos 5-8 meses.
Na transformação de LLC, no síndrome de Richter, pode
haver evolução para linfoma não-Hodgkin com alto grau de
malignidade, mieloma múltiplo ou leucemia linfoblástica ( LLA ) ou
prolinfocítica.
A evolução mais frequente de LLC, nas situações de
síndrome de Richter, é para linfoma não Hodgkin difuso de grandes
células ( ocorrendo em 65-70% das evoluções de LLC para síndrome
de Richter )
O síndrome de Richter caracteriza-se pela presença de
febre, emagrecimento, adenopatias assimétricas e de crescimento
rápido, deterioração clínica, aumento de LDH e sobrevivência de
5-8 meses.
A evolução da LLC pode dar-se no sentido de linfoma
não Hodgkin difuso de grandes células ( 65-70% das situações ),
leucemia pro-linfocítica ( 15-20% dos casos ), doença de Hodgkin (
aparece em 15% dos casos ) ou mieloma múltiplo ( ocorre em menos de
1% das situações ) ou LLA ( também em menos de 1% dos doentes ).
A transformação imunoblástica é reconhecida na LLC e
apresenta-se em 3-5% dos casos. Raras vezes a transformação tem
localização na medula óssea e dificilmente as células
transformadas são observadas na circulação periférica, sendo
nestes casos células semelhando as da leucemia aguda com blastos
grandes expressando imunoglobulinas de superfície da membrana ( SmIg
)e alguns marcadores de LLC. O síndrome de Richter apresenta muitas
vezes monoclonalidade proteica sérica ou cadeias leves na urina. A
hipercalcemia, rara na LLC-B, pode ser um sinal de síndrome de
Richter.
A evolução para leucemia a prolinfócitos corresponde
a 15-20% dos casos de síndrome de Richter, ocorrendo a transformação
em 2-5% dos doentes e 24-36 meses após o diagnóstico de LLC ter
sido feito, tendo uma sobrevida de 6-12 meses. De início insidioso,
cursa com esplenomegalia volumosa e adenopatia progressiva. Anemia,
trombocitopenia e aumento do número dos prolinfócitos verificam-se,
sendo que mais de 30% das células leucémicas são prolinfócitos de
origem B ou T. Hipercalcemia não é frequente e as células B são
CD5 negativas e SmIg fortemente positivas.
Cerca de 1% das LLC originam síndrome de Richter com
evolução para doença de Hodgkin, o que representa cerca de 15% de
todos os casos de síndrome de Richter, surgindo 44 meses após o
diagnóstico de LLC ser feito, com sintomatologia B em mais de metade
dos doentes, doença em estadio III-IV, com esplenomegalia e anemia
hemolítica auto-imune. Tem uma sobrevida de cerca de 13 meses.
Em menos de 1% dos casos de síndrome de Richter, a
transformação é feita para mieloma múltiplo com sintomatologia
sistémica ( febre, emagrecimento ) e lesões extra-ósseas.
A evolução do síndrome de Richter para LLA
apresenta-se em menos de 1% dos casos de síndrome de Richter, sendo
esta evolução para LLA indistinguível da LLA de novo.
Patogénese
- Citogenética: trissomia 12 é uma anormalidade citogenética comum, podendo associar-se a outras alterações cromossómicas ou aparecendo isolada. A trissomia 12 pode ser um marcador de transformação de LLC em leucemia a prolinfócitos
- Imunossupressão: nos doentes com LLC, o sistema imune dos doentes é deficiente, apresentando os doentes um maior risco de uma segunda neoplasia surgir. Imunossupressão provocada por terapêutica pode contribuir para surgimento de síndrome de Richter
- p53: gene cuja mutação se relaciona com o surgimento de prolinfócitos, como acontece com a trissomia 12
- c-myc: proto-oncogéneo encontrado nos tumores com alto índice mitótico, pode relacionar-se com síndrome de Richter que apresenta transformação blastóide ( LLA ) e linfoma não Hodgkin difuso de grandes células ( LDGC )
- EBV: este vírus, em doentes com LLC, tem-se associado à transformação para LDGC e doença de Hodgkin
O síndrome de Richter pode ser induzido por processo
viral ou mutações genéticas, apresentando-se os doentes com uma
sobrevida curta, mesmo tratados agressivamente com quimioterapia,
sendo que a sobrevida depende da variante do síndrome de Richter.
Em conclusão podemos dizer que o síndrome de Richter é
uma situação rara, muito grave, na qual a LLC se transforma em
linfoma de crescimento rápido. No síndrome de Richter, os doentes
apresentam sintomatologia B: febre, emagrecimento, perda de massa
muscular, adenopatias, astenia.
Ño síndrome de Richter, o fígado, pele, osso e tracto
gastrointestinal são atingidos.