terça-feira, março 24, 2015

S100A12

S100A12


S100A12 é uma proteína que liga o cálcio, relacionada com a calprotectina ( S100A8/S100A9 ), revelando-se um biomarcador fecal muito útil para a inflamação intestinal.







S100A12, também chamada de p6 ou calgranulina A, pode ser usado como um bom marcador inflamatório. É uma proteína pró-inflamatória que liga o cálcio, predominantemente secretada pelos granulócitos. Constitui 5% da proteína citosólica nos neutrófilos em repouso.
O nome da família S100 deriva do facto que estas proteínas são 100% solúveis em sulfato de amónio a pH normal.



As proteínas S100 são encontradas em várias formas, incluindo homodímeros, heterodímeros ou tetrâmeros que têm implicações na função das proteínas. A maioria das proteínas S100 têm funções intracelulares mas, no entanto, é reconhecido que S100A12 bem como S100A8 e S100A9 têm funções extracelulares importantes.


Vários marcadores, fecais ou séricos, são utilizados no diagnóstico de DII e monitorização da actividade da DII. Isto inclui a VS, PCR, albumina e plaquetas, entre outros. Estes marcadores não são no entanto específicos da inflamação do tracto intestinal.
Proteínas S100 estão localizadas no citoplasma e/ou núcleo de uma ampla variedade de células e estão envolvidas na regulação de um número de processos celulares tais como o ciclo celular e a diferenciação.
O gene de codificação das proteínas S100 está no cromossoma 1q21. Esta proteína está envolvida na via de transdução do sinal dependente do cálcio e o seu efeito regulatório no citoesqueleto pode modular várias actividades neutrófilicas.
Embora a expressão genética do S100A12 no Homem esteja quase completamente restringida aos granulócitos neutrófilos, também os monócitos demonstram esta expressão mas em muito menor expressão do que nos neutrófilos.



S100A12 está localizada predominantemente no citosol dos granulócitos mas transloca-se para a membrana e componentes do citoesqueleto seguindo as interacções com o cálcio. Quando secretado extracelularmente, S100A12 contribui para a resposta imune inata.


A proteína alvo melhor conhecida do S100A12 é RAGE ( receptor for advanced glycation endproducts ). S100A12 também usa um receptor independente que afecta a diferenciação neuronal. A ligação de S100A12 com RAGE é seguida por activação de cascatas de sinalização como MAPK e NF-kB levando à produção de citoquinas pró-inflamatórias, incluindo α-TNF e IL-1β e expressão aumentada de moléculas de adesão como ICAM-1 ( molécula de adesão intercelular ) e VCAM-1 ( molécula de adesão das células vasculares ). O efeito destas respostas é mediar efeitos pró-inflamatórios nos linfócitos, células endoteliais, neutrófilos e fagócitos mononucleares.
sRAGE ( RAGE solúvel ) corresponde ao domínio extracelular do RAGE. sRAGE está elevado na DII. Verificou-se que um nível baixo de sRAGE se associa com um risco duplo ou triplo de desenvolvimento de cancro pancreático.

Os níveis de S100A12 devem ser determinados em soro em vez de plasma. Também a exposição ao cálcio e heparina influencia a medição dos níveis de S100A12.

A S100A12 é uma proteína que se liga ao cálcio, zinco e cobre e que joga um papel proeminente na regulação do processo inflamatório e resposta imune. Na sua acção pró-inflamatória envolve recrutamento de leucócitos, promoção de citoquinas e produção de quimocinas e regulação de adesão leucocitária e migração.
A S100A12 estimula células imunes inatas através da ligação ao RAGE. Ligação ao RAGE activa a MAP-kinase e NF-kB levando à produção de citoquinas pró-inflamatórias e hiper-regulação das moléculas de adesão celular ICAM 1 e VCAM 1.
Actua ainda como quimioatractivo dos monócitos e mastócitos, pode estimular a desgranulação e activação que gera quimiocinas, histamina e citoquinas incluindo maior recrutamento leucocitário para os locais de inflamação. Pode inibir a actividade da matriz metaloproteinase MMP-2, MMP-3 e MMP-9 por quelarem zinco nos seus locais activos.


Níveis de S100A12 estão elevados no soro e na mucosa de crianças com DII e pode esta proteína estar implicada na patogénese da doença.
Uma sensibilidade de 96% e uma especificidade de 92% foram observadas quando se usa um cut-off de 10 mg/kg de S100A12 fecal no diagnóstico de DII pediátrica.
A S100A12 apresenta-se bem distribuída por toda a amostra fecal e é estável por 7 dias à temperatura ambiente. Verifica-se que S100A12 fecal está elevada nas crianças com DII quando comparada com controlos saudáveis, com níveis que se correlacionam com a actividade da doença e outros marcadores serológicos da inflamação, particularmente da inflamação do intestino grosso.
S100A12 é um marcador não invasivo capaz de distinguir entre crianças com DII activa e crianças saudáveis, com alta sensibilidade ( 96% ) e especificidade ( 92% ).
S100A12 cai para níveis considerados normais durante a terapêutica da DII em crianças que entram em remissão.

De salientar que S100A12 em doentes com alterações inflamatórias do intestino delgado apresenta, assim como a calprotectina, moderada especificidade mas baixa sensibilidade não podendo nenhum destes biomarcadores fecais serem utilizados para screening ou exclusão de doença de Crohn do intestino delgado.

Calprotectina é um heterocomplexo de S100A8/S100A9, sendo um membro da família proteica S100, que se liga ao cálcio, e foi investigado como marcador não invasivo da inflamação intestinal. Embora a calprotectina se correlacione com a actividade da DII, ela não é específica, sendo que também se eleva em situações como cancro gástrico, cancro colorrectal, pólipos colorrectais e quando o doente está a fazer AINE's.



S100A12, outra proteína da mesma família da calprotectina, expressa-se como proteína citoplasmática em neutrófilos activados e tem propriedades pró-inflamatórias.
S100A12, um ligando do RAGE, activa o NF-kB, bem como MAPK, e induz libertação de citoquinas pró-inflamatórias, incluindo α-TNF. S100A12 está aumentada no soro e mucosa das crianças e no soro dos adultos com DII.
S100A12 pode contribuir para o processo da inflamação intestinal da DII e assim os níveis de S100A12 podem reflectir a presença e severidade da inflamação intestinal.
Verifica-se existir uma forte correlação entre os níveis fecais e séricos de S100A12.

S100A12 fecal apresenta, para um cut-off de 10 mg/Kg, nas crianças, uma sensibilidade de 96% e uma especificidade de 92%.


»» Calprotectina apresenta-se elevada em fezes de recém-nascidos e depois cai para níveis indetectáveis após 1 ano de idade, em crianças saudáveis ««

Não existem diferenças nas concentrações fecais de S100A12 entre ambos os sexos.
S100A12 revela-se um marcador fecal, não invasivo, capaz de fazer o screening das crianças suspeitas de terem DII e é bom na monitorização da actividade da doença, resultando dessa forma uma redução da necessidade de colonoscopia no follow-up da doença.
Crianças com pancolite apresentam correlação entre a S100A12 fecal e o CDAI pediátrico, VS, contagem plaquetária e S100A12 sérico mas surpreendentemente não há correlação entre S100A12 e PCR ou albumina. As crianças com a doença noutras localizações apresentam uma associação entre S100A12 e PCR, contagem plaquetária, albumina mas não com CDAI pediátrico ou VS.


Foi observada correlação positiva entre VS e actividade clínica nos doentes com envolvimento do cólon mas não existe correlação entre VS e actividade clínica nos doentes com envolvimento do intestino delgado. S100A12 é um excelente marcador da inflamação do cólon.



PCR é um muito bom marcador da detecção e follow-up da actividade da doença, especialmente na doença de Crohn.



S100A12 cai nas crianças em remissão que não apresentam indicação clínica ou bioquímica de inflamação persistente, indicando que S100A12 fecal é eficaz na monitorização da actividade da doença. Em remissão, no entanto, S100A12 fecal permanece elevado comparativamente com controlos saudáveis. Este facto pode indicar uma inflamação persistente subclínica ou talvez que estas crianças excretam constitutivamente quantidade aumentadas da S100A12.



Os neutrófilos, que estão presentes nas fases iniciais da inflamação intestinal e jogam um papel crítico na patogénese da DII, podem ser uma importante fonte da S100A12 fecal. Não é ainda conhecido com certeza se a S100A12 está relacionada com os neutrófilos da mucosa ou se deriva dos neutrófilos que migraram para o lúmen intestinal.

S100A12 é um marcador, não invasivo, capaz de distinguir crianças com DII activa de crianças saudáveis, com alta sensibilidade e especificidade.

O fragmento 1.69 kDa de 15 amino-ácidos C-terminal da proteína S100A12 tem propriedades antimicrobianas. Outras sequências revelam um domínio putativo de ligação ao zinco bem como uma conformação α-hélice.

O gene do S100A12 tem 3 exons. O gene S100A12 está presente numa única cópia e contém uma box TATAAA. O mapeamento genético revela um cluster de genes S100 no cromossoma 1q21 entre os S100A8 e S100A9

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