S100A12
S100A12 é uma
proteína que liga o cálcio, relacionada com a calprotectina (
S100A8/S100A9 ), revelando-se um biomarcador fecal muito útil para a
inflamação intestinal.
S100A12, também chamada de p6 ou calgranulina A, pode ser usado como um bom marcador inflamatório. É uma proteína pró-inflamatória que liga o cálcio, predominantemente secretada pelos granulócitos. Constitui 5% da proteína citosólica nos neutrófilos em repouso.
O nome da família
S100 deriva do facto que estas proteínas são 100% solúveis em
sulfato de amónio a pH normal.
As proteínas S100
são encontradas em várias formas, incluindo homodímeros,
heterodímeros ou tetrâmeros que têm implicações na função das
proteínas. A maioria das proteínas S100 têm funções
intracelulares mas, no entanto, é reconhecido que S100A12 bem como
S100A8 e S100A9 têm funções extracelulares importantes.
Vários marcadores,
fecais ou séricos, são utilizados no diagnóstico de DII e
monitorização da actividade da DII. Isto inclui a VS, PCR, albumina
e plaquetas, entre outros. Estes marcadores não são no entanto
específicos da inflamação do tracto intestinal.
Proteínas S100
estão localizadas no citoplasma e/ou núcleo de uma ampla variedade
de células e estão envolvidas na regulação de um número de
processos celulares tais como o ciclo celular e a diferenciação.
O gene de
codificação das proteínas S100 está no cromossoma 1q21. Esta
proteína está envolvida na via de transdução do sinal dependente
do cálcio e o seu efeito regulatório no citoesqueleto pode modular
várias actividades neutrófilicas.
Embora a expressão
genética do S100A12 no Homem esteja quase completamente restringida
aos granulócitos neutrófilos, também os monócitos demonstram esta
expressão mas em muito menor expressão do que nos neutrófilos.
S100A12 está
localizada predominantemente no citosol dos granulócitos mas
transloca-se para a membrana e componentes do citoesqueleto seguindo
as interacções com o cálcio. Quando secretado extracelularmente,
S100A12 contribui para a resposta imune inata.
A proteína alvo
melhor conhecida do S100A12 é RAGE ( receptor for advanced glycation
endproducts ). S100A12 também usa um receptor independente que
afecta a diferenciação neuronal. A ligação de S100A12 com RAGE é
seguida por activação de cascatas de sinalização como MAPK e
NF-kB levando à produção de citoquinas pró-inflamatórias,
incluindo α-TNF e IL-1β
e expressão aumentada de moléculas de adesão como ICAM-1 (
molécula de adesão intercelular ) e VCAM-1 ( molécula de adesão
das células vasculares ). O efeito destas respostas é mediar
efeitos pró-inflamatórios nos linfócitos, células endoteliais,
neutrófilos e fagócitos mononucleares.
sRAGE ( RAGE solúvel
) corresponde ao domínio extracelular do RAGE. sRAGE está elevado
na DII. Verificou-se que um nível baixo de sRAGE se associa com um
risco duplo ou triplo de desenvolvimento de cancro pancreático.
Os níveis de
S100A12 devem ser determinados em soro em vez de plasma. Também a
exposição ao cálcio e heparina influencia a medição dos níveis
de S100A12.
A S100A12 é uma
proteína que se liga ao cálcio, zinco e cobre e que joga um papel
proeminente na regulação do processo inflamatório e resposta imune.
Na sua acção pró-inflamatória envolve recrutamento de leucócitos,
promoção de citoquinas e produção de quimocinas e regulação de
adesão leucocitária e migração.
A S100A12 estimula
células imunes inatas através da ligação ao RAGE. Ligação ao RAGE activa a MAP-kinase e NF-kB levando à produção de citoquinas
pró-inflamatórias e hiper-regulação das moléculas de adesão
celular ICAM 1 e VCAM 1.
Actua ainda como
quimioatractivo dos monócitos e mastócitos, pode estimular a
desgranulação e activação que gera quimiocinas, histamina e
citoquinas incluindo maior recrutamento leucocitário para os locais
de inflamação. Pode inibir a actividade da matriz metaloproteinase
MMP-2, MMP-3 e MMP-9 por quelarem zinco nos seus locais activos.
Níveis de S100A12
estão elevados no soro e na mucosa de crianças com DII e pode esta
proteína estar implicada na patogénese da doença.
Uma sensibilidade de
96% e uma especificidade de 92% foram observadas quando se usa um
cut-off de 10 mg/kg de S100A12 fecal no diagnóstico de DII
pediátrica.
A S100A12
apresenta-se bem distribuída por toda a amostra fecal e é estável
por 7 dias à temperatura ambiente. Verifica-se que S100A12 fecal
está elevada nas crianças com DII quando comparada com controlos
saudáveis, com níveis que se correlacionam com a actividade da
doença e outros marcadores serológicos da inflamação,
particularmente da inflamação do intestino grosso.
S100A12 é um
marcador não invasivo capaz de distinguir entre crianças com DII
activa e crianças saudáveis, com alta sensibilidade ( 96% ) e
especificidade ( 92% ).
S100A12 cai para
níveis considerados normais durante a terapêutica da DII em
crianças que entram em remissão.
De salientar que
S100A12 em doentes com alterações inflamatórias do intestino
delgado apresenta, assim como a calprotectina, moderada
especificidade mas baixa sensibilidade não podendo nenhum destes
biomarcadores fecais serem utilizados para screening ou exclusão de
doença de Crohn do intestino delgado.
Calprotectina é um
heterocomplexo de S100A8/S100A9, sendo um membro da família proteica
S100, que se liga ao cálcio, e foi investigado como marcador não
invasivo da inflamação intestinal. Embora a calprotectina se
correlacione com a actividade da DII, ela não é específica, sendo
que também se eleva em situações como cancro gástrico, cancro
colorrectal, pólipos colorrectais e quando o doente está a fazer
AINE's.
S100A12, outra
proteína da mesma família da calprotectina, expressa-se como
proteína citoplasmática em neutrófilos activados e tem
propriedades pró-inflamatórias.
S100A12, um ligando
do RAGE, activa o NF-kB, bem como MAPK, e induz libertação de citoquinas
pró-inflamatórias, incluindo α-TNF.
S100A12 está aumentada no soro e mucosa das crianças e no soro dos
adultos com DII.
S100A12 pode
contribuir para o processo da inflamação intestinal da DII e assim
os níveis de S100A12 podem reflectir a presença e severidade da
inflamação intestinal.
Verifica-se existir
uma forte correlação entre os níveis fecais e séricos de S100A12.
S100A12 fecal
apresenta, para um cut-off de 10 mg/Kg, nas crianças, uma
sensibilidade de 96% e uma especificidade de 92%.
»»
Calprotectina apresenta-se elevada em fezes de recém-nascidos e
depois cai para níveis indetectáveis após 1 ano de idade, em
crianças saudáveis ««
Não existem
diferenças nas concentrações fecais de S100A12 entre ambos os
sexos.
S100A12 revela-se um
marcador fecal, não invasivo, capaz de fazer o screening das
crianças suspeitas de terem DII e é bom na monitorização da
actividade da doença, resultando dessa forma uma redução da
necessidade de colonoscopia no follow-up da doença.
Crianças com
pancolite apresentam correlação entre a S100A12 fecal e o CDAI
pediátrico, VS, contagem plaquetária e S100A12 sérico mas
surpreendentemente não há correlação entre S100A12 e PCR ou
albumina. As crianças com a doença noutras localizações
apresentam uma associação entre S100A12 e PCR, contagem
plaquetária, albumina mas não com CDAI pediátrico ou VS.
Foi observada
correlação positiva entre VS e actividade clínica nos doentes com
envolvimento do cólon mas não existe correlação entre VS e
actividade clínica nos doentes com envolvimento do intestino
delgado. S100A12 é um excelente marcador da inflamação do cólon.
PCR é um muito bom
marcador da detecção e follow-up da actividade da doença,
especialmente na doença de Crohn.
S100A12 cai nas
crianças em remissão que não apresentam indicação clínica ou
bioquímica de inflamação persistente, indicando que S100A12 fecal
é eficaz na monitorização da actividade da doença. Em remissão,
no entanto, S100A12 fecal permanece elevado comparativamente com
controlos saudáveis. Este facto pode indicar uma inflamação
persistente subclínica ou talvez que estas crianças excretam
constitutivamente quantidade aumentadas da S100A12.
Os neutrófilos, que
estão presentes nas fases iniciais da inflamação intestinal e
jogam um papel crítico na patogénese da DII, podem ser uma
importante fonte da S100A12 fecal. Não é ainda conhecido com
certeza se a S100A12 está relacionada com os neutrófilos da mucosa
ou se deriva dos neutrófilos que migraram para o lúmen intestinal.
S100A12 é um
marcador, não invasivo, capaz de distinguir crianças com DII activa
de crianças saudáveis, com alta sensibilidade e especificidade.
O fragmento 1.69 kDa
de 15 amino-ácidos C-terminal da proteína S100A12 tem propriedades
antimicrobianas. Outras sequências revelam um domínio putativo de
ligação ao zinco bem como uma conformação α-hélice.
O gene do S100A12
tem 3 exons. O gene S100A12 está presente numa única cópia e
contém uma box TATAAA. O mapeamento genético revela um cluster de
genes S100 no cromossoma 1q21 entre os S100A8 e S100A9
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