quarta-feira, maio 20, 2015

Procalcitonina vs Neopterina

Procalcitonina vs Neopterina




Febre em pediatria pode ter múltiplas etiologias. Diferenciação entre infecção de origem bacteriana e de outras etiologias é importante dado que o uso da antibioterapia deve ser feito tão cedo quanto possível mas acarreta graves problemas como o surgimento de resistências, toxicidade à droga e aumento de custos.
Marcadores tradicionais, como contagem de leucócitos ou temperatura corporal, são inespecíficos e o exame cultural pode dar resultados tardiamente.
PCR e procalcitonina ( PCT ) têm sido usados no despiste de infecções bacterianas e sépsis. Neopterina também tem sido proposta para o diagnóstico de infecções bacterianas. A PCT é um marcador de fase aguda usado para detectar infecções, principalmente bacterianas, não se alterando as suas concentrações em infecções não bacterianas.
Actualmente, tem-se considerado que o teste rápido de PCT é superior à neopterina e contagem leucocitária no despiste de infecções bacterianas, especialmente em situações de emergência, quando é crucial tomar uma decisão terapêutica.


O diagnóstico de infecção bacteriana pode ser difícil só pela clínica e contagem de leucócitos, e os exames bacteriológicos podem positivar tardiamente, interpretação da colonização local pode ser ambígua e marcadores tradicionais podem ser inespecíficos. Parâmetros como PCR e PCT têm sido considerados nos doentes com sintomatologia infecciosa sistémica.


A procalcitonina é um peptídeo de 116 aminoácidos com uma sequência idêntica à pro-hormona calcitonina, sintetizada nas células C da tiróide, cuja concentração sérica no indivíduo saudável é de 0.01 ng/ml, mas que sobe para valores da ordem dos 20-200 ng/ml em situações de infecção bacteriana ou sépsis, sendo o valor correlacionado directamente com a gravidade da infecção.


A procalcitonina é sintetizada fora da tiróide em doentes com infecções bacterianas, como se constacta nos casos em que doentes previamente tiroidectomizados mostram valores altos, e em subida, aquando de infecções bacterianas se fazem. A síntese da PCT em situações de infecções bacterianas parece ser no fígado e monócitos, como resposta às citocinas IL-6 e α-TNF. Outros locais de síntese de PCT são os pulmões e pâncreas, sendo que a origem parece depender das substâncias estimuladoras da produção da procalcitonina.
A PCT aumenta no soro ao fim de 6 horas após o estímulo, atinge o plateau às 12-48 horas e diminui depois se o estímulo parar. A PCR inicia a subida mais tardiamente que a PCT.


Neopterina também é usada com o propósito, entre outros, de ajudar no diagnóstico da infecção bacteriana. Produzido pelos monócitos, macrófagos e células dendríticas activadas pelo γ-interferão e menos frequentemente também pelo α-interferão. É um marcador de activação do sistema imune celular. O aumento da concentração de neopterina relaciona-se com a lesão endotelial e risco para as complicações sépticas. Neopterina aumenta também, e fortemente, nas doenças virais.



Procalcitonina é considerado um útil marcador precoce para discriminar entre infecção bacteriana sistémica e sépsis. Verificou-se que a cinética e perfil da procalcitonina, comparativamente com a PCR, eram diferentes, sendo que a cinética da PCR era mais lenta do que a cinética da PCT, as concentrações de PCR podem não subir ( ou parar de subir ) em situações mais graves e de sépsis. Pelo contrário, PCT sobe paralelamente à gravidade da situação de sépsis, atingindo os níveis mais altos no choque séptico, tendendo a ser mais elevada a concentração de PCT nos doentes que não sobrevivem comparativamente com os que sobrevivem.


As concentrações de neopterina nas infecções bacterianas não se correlacionam com a severidade da infecção, apesar de sempre estarem mais elevadas do que o valor em pessoas sem patologia.
Procalcitonina é um teste rápido capaz de predizer infecções bacterianas e seu prognóstico.

Em pacientes criticamente doentes, infecção severa e inflamação sistémica devida a causas não infecciosas, apresentam-se clinicamente de forma muito semelhante e os marcadores tradicionais de infecção ( temperatura corporal, contagem de leucócitos ) são incapazes de as diferenciar. Nestas situações, o recurso à PCT ou neopterina mostra-se de muita utilidade, sendo capaz de diferenciar a etiologia da patologia, seja ela de infecção bacteriana, inflamatória sistémica, doença não infecciosa ou infecção viral.
Estudos demonstraram idêntica eficácia entre PCT e neopterina no estabelecimento da etiologia infecciosa e inflamatória em enfermos criticamente doentes. Neopterina mostrou-se superior em especificidade ( aumento dos verdadeiros positivos ) do que a PCT sugerindo que a neopterina se relaciona com a actividade da resposta inflamatória.

A procalcitonina, em doentes que sofreram lesão cerebral traumática, apresenta-se normal às 3 horas após o trauma mas às 24 horas observa-se um grande aumento da concentração sérica de PCT ( compara com a subida às 6 horas no caso das infecções bacterianas ). Também outros traumatismos, como abdominais ou das extremidades, se acompanham de subida da concentração da PCT, sendo que existem associações positivas entre a severidade da lesão e a concentração de PCT pos-traumática, associação esta não verificada com os traumatismos craneanos.
A neopterina apresenta apenas alterações marginais da sua concentração nos casos de traumatismo craneano, sendo apenas significativo às 108 horas ( compara com a subida da PCT verificada às 24 horas ).

Estudos indicam que a PCT não é capaz de fazer, com acuidade, a distinção entre infecções virais e bacterianas em doentes febris, não graves.







PCR, em doentes com síndrome de resposta infecciosa sistémica ( SIRS ) revelou-se mais específico e sensível como marcador de sépsis do que a PCT. Outros estudos realizados simultaneamente noutros centros revelaram conclusão contrária, demonstrando que PCT é superior comparativamente a PCR, IL-6 ou níveis de lactato.


A concentração sérica da procalcitonina pode subir, para além das infecções bacterianas, em infecções parasitárias e fúngicas.

As principais limitações ao uso da procalcitonina enquanto marcador de sépsis neonatal são:
  • concentração pode aumentar em situações de diabetes gestacional
  • asfixia fetal
  • hipocalcémia
  • síndrome de aspiração de mecónio
  • doença hemolítica
  • doença da membrana hialina
  • hipoglicemia
  • ressuscitação pós-parto
  • hemorragia intracraneana
  • pré-eclâmpsia materna
  • amnionite clínica
  • hipertensão
  • administração de tensioactivo intratraqueal
  • ruptura prolongada de membranas
  • colonização materna por Streptococos grupo B



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