Apolipoproteínas
Os
lípidos combinados com proteínas denominam-se lipoproteínas
Apolipoproteína
( apo ) é uma proteína que se liga a lípidos formando, desta
forma, uma lipoproteína. A apo é pois a fracção proteica da
lipoproteína. Existem vários tipos de apos, sendo os principais a
apo A e a apo B, estando cada uma destas associadas ao colesterol-HDL
( apo A ) ou colesterol-LDL, -VLDL ou -IDL ( apo B ). A apo A associa-se ao colesterol dos tecidos, ajudando no transporte para o
fígado, enquanto a apo B é a responsável pela ligação do
colesterol-LDL aos receptores celulares, sendo parte constituinte
deste colesterol-LDL, e pode originar o acúmulo nas artérias, destes
lípidos, com a formação das placas de ateroma.
As
apoproteínas, ou apolipoproteínas, são pois a parte proteica das
lipoproteínas. São proteínas anfipáticas ( substância anfipática
é aquela substância, como os lípidos, com duplo
carácter em relação à água, é polar e apolar ao mesmo tempo,
isto é, possui solubilidade e insolubilidade em água ) com alta
composição em estruturas helicoidais associadas de forma débil às
lipoproteínas. As apos são mais helicoidais quando se incorporam às
lipoproteínas, sendo α-hélices
com resíduos hidrófilos e hidrófobos colocados em posições
opostas na estrutura. As α-hélices
das apoproteínas, flutuam sobre os fosfolípidos das lipoproteínas,
servindo como ligandos para os receptores celulares e como coenzimas
do metabolismo das lipoproteínas. Pode haver transferência de
apoproteínas entre várias lipoproteínas distintas.
As
apos são sintetizadas principalmente no fígado e intestino delgado.
No
Homem existem muitos tipos de apo, sendo as mais importantes as
seguintes:
- apo A-I: com 243 aminoácidos e 29 kDa, activam a lecitina-colesterolaciltransferase ( LCAT )
- apo A-II: com 77 aminoácidos e 17 kDa, inibe a LCAT e activa a lipase hepática. Única apo dimérica, composta por 2 polipeptídeos iguais, de 77 aminoácidos cada, ligados por uma ponte S-S na cistina 6
- apo A-III
- apo A-IV: com 376 aminoácidos e 46 kDa, tem acção na absorpção lipídica a nível intestinal
- apo B-48: com 2152 aminoácidos e 241 kDa, actua na depuração do colesterol
- apo B-100: com 4536 aminoácidos e 513 kDa, tem também acção na depuração do colesterol
- apo C-I: com 56 aminoácidos e 6.6 kDa, hipotetiza-se que active a LCAT
- apo C-II: com 79 aminoácidos e 8.9 kDa, tem acção na activação da lipoproteína lipase
- apo C-III: com 79 aminoácidos e 8.8 kDa, hipotetiza-se que tenha acção sobre a inibição da lipoproteína lipase e activação da LCAT
- apo D: com 169 aminoácidos e 19 kDa, tem função desconhecida
- apo E: com 299 aminoácidos e 34 kDa, actua na depuração do colesterol
- apo F
- apo G
- apo H
- apo I
- apo J ou cluterina
Com
excepção do dímero apo A-II, todas as apos são monómeros.
O
fígado secreta as apo A-I e A-II, enquanto que os enterócitos
apenas secretam apo A-I
As
apos destacam-se no seu papel de marcadores de risco coronário.
Nesta função de marcador de risco de patologia coronária,
destacam-se as apo A-I e apo B e a relação apo B/apo A-I.
As
lipoproteínas são partículas esféricas, formadas por um núcleo
lipídico, de lípidos neutros não polares, nomeadamente ésteres de
colesterol e triglicerídeos, envolvidos por substâncias polares, os
fosfolípidos, colesterol livre e proteínas. A apolipoproteína é o
componente proteico das lipoproteínas.
As
apo distinguem-se entre si pelo tamanho e composição química,
desempenhando 4 funções principais:
- agregam e secretam as lipoproteínas ( apo B-100, apo B-48 )
- oferecem integridade estrutural à lipoproteína ( apo B, apo E, apo A-I, apo A-II )
- são co-activadores enzimáticos ( apo C-I, apo C-II, apo C-III )
- ligam-se ou fazem ancoragem aos receptores de proteínas específicas para a captação celular ( apo A-I, apo B-100, apo E )
As
lipoproteínas subdividem-se, segundo padrões de densidade, em alta,
baixa, intermédia e muito baixa densidade;
- HDL com uma densidade compreendida entre 1.063 g/ml e 1.210 g/ml
- LDL com uma densidade compreendida entre 1.019 g/ml e 1.063 g/ml
- IDL com uma densidade compreendida entre 1.006 g/ml e 1.019 g/ml
- VLDL com uma densidade inferior a 1.006 g/ml
Para
além das lipoproteínas em circulação, também podemos encontrar os
quilomicra, cuja densidade é inferior a 0.95 g/ml, e que mais não
são que a forma transitória da gordura absorvida no intestino.
Os
HDL são constituídos por 50% de apo ( A-I em maior quantidade,
A-II, C-I, C-II, C-III, E e J ), 20% de colesterol livre e
esterificado, 15% de fosfolípidos e 5% de triglicerídeos.
90-95% dos HDL, as que contêm mais apo A-I ( Lp AI ), apresentam electroforeticamente mobilidade α e 5-10% apresentam mobilidade β
90-95% dos HDL, as que contêm mais apo A-I ( Lp AI ), apresentam electroforeticamente mobilidade α e 5-10% apresentam mobilidade β
Apolipoproteína
A-I ( apo A-I )
Verifica-se
existir uma relação independente e inversa entre patologia
coronária e a concentração de HDL-colesterol e a sua apo
principal, a apo A-I.
Apolipoproteína A1
HDL-colesterol
e apo A-I, para além de serem marcadores de diminuição de risco
cardiovascular, também mostram acção directa antiaterogénica.
A
apo A-I é o principal componente da HDL-colesterol e o seu gene
situa-se no cromossoma 11, conjuntamente com os genes da apo C-III e
apo A-IV, sendo sintetizado predominantemente a nível hepático e
intestinal. A apo A-I estimula o efluxo do colesterol das células
periféricas, dando o substracto para LCAT que está envolvido na
maturação da HDL.
Apolipoproteína
Transporte
reverso do colesterol
O
transporte reverso do colesterol, retira o colesterol livre das
células, por uma acção das HDL. Os ésteres de colesterol, por
acção da LCAT, são transferidos para as lipoproteínas que contêm
apo B, por acção da CETP. O colesterol das HDL é removido de forma
selectiva pelos receptores SR-BI ( via directa ), após os
triglicerídeos terem sofrido hidrólise pelos LLH. Pela via
indirecta, os receptores B/E hepáticos removem as VLDL, LDL e
quilomicra. As partículas de HDL retornam ao interstício,
reiniciando a retirada do colesterol, ou são catabolizados no rim
por endocitose mediada pela cubilina/megalina. As PLA-2 e LLE também
têm participação na transformação e catabolismo das HDL
**
LCAT enzima lecitina colesterol aciltransferase
**
CETP proteína de transferência do colesterol esterificado
**
LLH lipase hepática
**
PLA-2's enzimas fosfolipase A2 solúveis
**
LLE lipoproteína lipase endotelial
Transporte reverso do colesterol
HDL-colesterol
e apo A-I são mediadores importantes do processo envolvente do
transporte de colesterol livre dos tecidos periféricos, como paredes
arteriais, e subsequente transporte para o fígado e outros tecidos
esteroidogénicos, um fenómeno chamado de transporte reverso do
colesterol. Este transporte reverso do colesterol tem função
anti-aterogénico e possibilita a eliminação, por via biliar, do
colesterol. A HDL-colesterol também actua por forma directa e
indirecta nos locais de lesões ateroscleróticas por meio de acção
antioxidante e anti-inflamatória.
A
apo A-I também tem a capacidade de agir como “limpador” de
lípidos oxidados.
HDL-colesterol
forma-se no plasma e no compartimento extravascular, ao contrário das
outras lipoproteínas que se formam no fígado e intestino, sofrendo
transformação na circulação.
As
apo A-I, que são os principais constituintes da HDL-colesterol, são
sintetizadas nos hepatócitos e enterócitos, passando para a
circulação, quer como forma livre quer associada a lípidos. No
plasma associam-se a componentes lipídicos que se desprendem dos
quilomicra e VLDL na hidrólise dos triglicerídeos sob a acção da
lipase lipoproteica. A redução do núcleo destas partículas
favorece a projecção de elementos de superfície, como sejam os
fosfolípidos ou colesterol livre, que caracteriza a primeira fase do
transporte reverso do colesterol e que compreende a remoção pelas
HDL do colesterol celular, esterificação pela lecitina colesterol
aciltransferase e sua transferência para as lipoproteínas que
contêm apo B, podendo então o colesterol ser removido pelo fígado
para ser eliminado por via biliar.
Verifica-se
que os níveis de apo A-I estão reduzidos de forma acentuada em
doentes com coronariopatia. É controversa a questão sobre se apo
A-I ou HDL é melhor marcador preditor para o risco de doença
coronária. Todos os estudos mostraram correlação inversa entre os
níveis de apo A-I e a doença coronária. Os níveis de apo A-I
apresentam-se baixos em homens com doença coronária, mas este facto
não ocorre nas mulheres com doença coronária. A correlação dos
níveis de apo A-I em mulheres com doença coronária apenas é
significativa quando é feita correcção para o colesterol total e
IMC.
Estudos
apontam para o facto de outros factores, para além da
HDL-colesterol, serem importantes no risco coronário e o mesmo se
verifica com apo A-I.
Apo
A-I e HDL diminuem a activação e agregação plaquetária,
estimulam a fibrinólise e corrigem a capacidade vasodilatadora
prejudicada que surgem da disfunção endotelial que a dislipidemia
induz ou da aterosclerose.
Apolipoproteína
B ( apo B )
A
apo-B é a apolipoproteína maior existente nas quilomicra, LDL, VLDL
ou IDL, tendo um papel fundamental na estrutura proteica das
lipoproteínas. Apenas se apresenta uma molécula de apo B em cada
lipoproteína, permanecendo unida a esta desde a síntese hepática
até à depuração da circulação.
Apolipoproteína B
Uma
vez que cada partícula de lipoproteína contém uma só molécula de
apo B ( lipoproteína <---> apo B ), e 90% das lipoproteínas
são LDL, para uma mesma concentração de LDL, um aumento de apo B
sugere a existência de partículas com menor relação
lípido/proteína, ou seja partículas de LDL pequenas e densas.
A
apo B também tem por função a ligação entre LDL e o receptor
celular da LDL
A
apo B48, cuja concentração plasmática é baixa, é um importante
componente das quilomicra, sendo sintetizada nos enterócitos e tem
função importante na absorpção lipídica da dieta.
A
apo B100 é de síntese hepática, tendo acção reguladora da
síntese e eliminação do colesterol.
O
gene do apo B encontra-se no cromossoma 2, sendo que mutações neste
gene podem originar diminuída afinidade com a LDL aumentando os
níveis circulantes de LDL-c. A semi-vida plasmática de apo B mutada
é tripla a quádrupla da apo B normal, podendo assim ser mais
oxidada e com maior capacidade aterogénica. Os níveis plasmáticos
dos indivíduos mutados para apo B podem atingir os valores de 400
mg/dl, embora possam ser normais as concentrações desta LDLc.
Também
a situação de hipo-β-lipoproteinemia
leva à síntese de proteínas B truncadas, existindo níveis mais
baixos de lipoproteínas contendo apo B no plasma, o que origina
níveis baixos de LDLc.
Pacientes
podem não possuir a proteína de transporte de lípidos essencial
para a formação das lipoproteínas e assim, dado não poderem fazer
quilomicra absorvem mal as gorduras e as vitaminas A,B,D e K.
Dado
que cada partícula com potencial aterogénico contém apenas uma
molécula apo B, o nível desta apo B plasmática representa o número
total de partículas aterogénicas. A apo B48 é responsável por
menos de 1% das apo B plasmáticas e assim, na prática, o total de
apo B plasmático é igual ao número de partículas apo B100
plasmáticas que engloba VLDL, LDL, IDL e Lp(a) sendo que mais de 90%
destas partículas são LDL. De referir que nas situações de
hipertrigliceridemia esta relação se mantém.
A
determinação da apo B apresenta vantagem sobre a determinação de
LDL como preditor da patologia cardiovascular, principalmente quando
está presente a LDL pequena e densa, uma vez que a concentração de colesterol, nesta situação, está subestimando o número de
partículas de LDL.
No
tratamento com estatinas, verificou-se vantagem similar. Foi
observada a superioridade como preditor de acontecimentos
cardiovasculares de apo B sobre a LDL em todas as condições,
independentemente do sexo, idade, concentração de triglicerídeos
ou de colesterol total.
Os
triglicerídeos têm papel conhecido na doença ateromatosa podendo
acumular risco de doença cardiovascular. Concentração sérica de
triglicerídeos superior a 400 mg/dl invalida o cálculo da VLDL e do
LDL e desta forma a avaliação do risco cardiovascular fica
prejudicada.
Apo
B e apo A-I são indicadores úteis e fáceis de dosear na avaliação
dos efeitos terapêuticos com estatinas, na medicação anti-lipídica.
As estatinas reduzem apo B ( ligadas a LDL, VLDL, IDL, quilomicra ) e
aumentam apo A-I ( ligadas ao HDL ).
Relação
apo B/apo A-I
Verificou-se
que a relação apo B/apo A-I apresenta importante valor preditivo na
doença coronária. A relação apo B/apo A-I mostrou ser o factor de
risco com maior força na estratificação do risco e controlo
terapêutico. A relação apo B/apo A-I mostrou superioridade
comparativamente com a relação consagrada colesterol total/HDL-c.
Esta
relação apo B/apo A-I foi preditor de eventos em situação
pós-tratamento com estatinas ao contrário da LDL-c.
O
doseamento das apos tem demonstrado ter um valor importante na
prevenção de doenças cardiovasculares como factor de risco destas
doenças. A apo B reflete o número de partículas lipoproteicas
aterogénicas contrariamente ao que representa a apo A-I, que
dependendo da HDL indica as partículas anti-aterogénicas.
Como
se mencionou anteriormente, a capacidade antiaterogénica da apo A-I
é-lhe conferida pela habilidade de remover o colesterol celular do
organismo, sendo assim o seu doseamento plasmático uma importante
medida na determinação do risco cardiovascular do doente. A apo B
vai além do LDL-colesterol. As partículas de LDL variam no que diz
respeito à sua composição ( LDL-colesterol, LDL pequenas e densas
) enquanto que a apo B é um índice mais preciso que consegue
identificar de forma mais exacta a partícula LDL comparativamente
com o critério de medida do HDL-colesterol.
Apo
B é um critério mais exacto do que LDL-colesterol ou colesterol não
HDL como marcador de risco de doença cardiovascular e é um melhor
guia na terapêutica com estatinas.
Durante
o tratamento com estatinas, LDL não é um bom critério de sucesso
desse tratamento, ao contrário do que se verifica com apo B e da
relação apo B/apo A-I.
As
partículas de HDL contêm a enzima paraoxonase que hidrolisa os
peróxidos lipídicos, sendo catalizador da ruptura dos fosfolípidos
oxidados em LDL e elimina os produtos resultantes da oxidação da
LDL, nomeadamente lipoperóxidos e lipofosfatidilcolina. A HDL,
enquanto anticoagulante e pró-fibrinolítica, inibe a activação do
factor X, a activação plaquetária e a secreção de plasminogéneo
tecidual ( tPA ) e do inibidor do plasminogéneo ( PAI ). Tem também
a capacidade de estimular a actividade da PCR.
Colesterol-HDL
A
HDL tem acção de protecção endotelial pelos seguintes mecanismos:
- inibição da infiltração de LDL-oxidados
- inibição da adesão de monócitos no endotélio por inibição das VCAM-I e ICAM-I e da e-selectina
- menor produção de endotelina 1
- estimulação da síntese de PgI2
- modulação da produção de peptídeo natriurético C
- activação de eNOS ( síntese do óxido nítrico endotelial )
- estimulação da produção de células musculares lisas
- prevenção do dano celular e necrose resultantes da activação do sistema complemento
Colesterol-HDL e colesterol-LDL
Proteínas
só podem ser consideradas apolipoproteínas se:
- tiverem propriedades únicas e distintas química, física e imunologicamente
- tiverem propriedades distintas estrutural e funcionalmente
- sejam componente integral do sistema de transporte dos lípidos
- tiverem a propriedade de formarem lipoproteínas
As
apos produzem o chamado sistema ABC, com a finalidade de ser
uniformizada a designação das apos.
Lp(a)
Algumas
proteínas das apos são constituídas por vários polipeptídeos,
com propriedades únicas e distintas, formando parte do componente
integral do sistema de transporte de lípidos e participam em
conjunto com outros polipeptídeos na formação das apos. Os
polipeptídeos são designados pelo acréscimo de números romanos à
apo que integram: A-I, C-II, etc. Para além desta subdivisão das
apos, também alguns polipeptídeos podem ter variantes, sendo estas
designadas por número árabe: A-I.1, C-III.2, etc.
As
lipoproteínas podem ser divididas em famílias, sendo que uma
família lipoproteica é um sistema polidisperso de partículas
contendo apenas uma apoproteína. Quando uma lipoproteína apenas tem
uma família, isto é uma única apolipoproteína, esta designa-se
de primária, simples ou discreta. Família secundária ou complexa é
a lipoproteína formada por mais de uma apoproteína.
Neste
conceito, as lipoproteínas designam-se pelas apos que as formam. As
lipoproteínas são designadas por HDL, LDL, VLDL, IDL, Lp(a), CM (
quilomicrom ).
Novos conceitos em lipoproteínas
A
designação das apo B inclui a percentagem de peso comparativamente
com a apo B mais pesada a que foi atribuída a designação de apo
B100 ( 100 = 100% ), sendo as restantes chamadas de apo B48 ( 48% ),
apo B74 ( 74% ), etc.
As
únicas biologicamente importantes são as apo B100 e apo B48. A
distinção entre apo B100 e apo B48, que provêm do mesmo gene, é
devida ao mRNA intestinal que é formado de um códão STOP, não se
sabendo ainda qual o enzima responsável por esta transformação,
mas que revela especificidade muito alta de órgão.
A
apo I foi inicialmente designada de apo S por ser induzida pela
ingestão de açúcar.
Apo
J ou cluterina existe no HDL e pode ser associada ao colesterol e
fosfolípidos para formar imunocomplexos circulantes.
As
apos têm as seguintes funções:
- são componentes integrantes das lipoproteínas
- intervêm no transporte transcelular lipídico
- * transporte do colesterol pela apo B
- * catabolismo mediado por receptores pelas apo B e apo E
- * efluxo do colesterol efectuado pela apo A-I
- actuam pela inibição de várias enzimas
Uma
proteína tem de ser sintetizada, modificada intra e
extracelularmente, incorporar lípidos, ser remodelada e transferida
ao plasma. A síntese destas proteínas é exclusivamente hepática
ou intestinal, com a única excepção da apo E, cuja síntese é no
cérebro, e as sínteses minor da apo C-I na suprarrenal e apo E no
rim e suprarrenal.
Verifica-se
que nos doentes diabéticos pode ocorrer glicosilação não
enzimática.
A
densidade das lipoproteínas é inversamente proporcional ao seu
diâmetro. Electroforeticamente, as lipoproteínas designam-se de
quilomicra ( sem mobilidade electroforética ), α-lipoproteínas
( mobilidade na zona das α-globulinas
), β-lipoproteínas ( com
mobilidade na zona das β-globulinas
), pré-β-lipoproteínas
( lipoproteína com mobilidade na zona das α2-globulinas
).
Quilomicra
e VLDL são particularmente ricas em triglicerídeos ao contrário
das LDL que são ricos em colesterol
HDL,
as lipoproteínas mais pequenas, são as mais densas devido ao seu
mais alto conteúdo em apolipoproteínas ( cerca de 50% ) sendo que a
apo A-I prefaz 70-80% das proteínas totais, enquanto que as
restantes apoproteínas são a apo A-II e apo C, e em quantidades
muito pequenas as apo D, apo E e apo A-IV.
Lipoproteínas
Metabolismo
das lipoproteínas
O
metabolismo das lipoproteínas depende das apolipoproteínas
constituintes das lipoproteínas.
Os
ésteres de colesterol, fosfolípidos e triglicerídeos são
hidrolizados, originando seus metabolitos que consoante o comprimento
da cadeia vão directamente para a corrente portal ( ácidos gordos
de cadeia curta e média ) ou são absorvidos pelos enterócitos (
ácidos gordos de cadeia longa ).
A
apo A é a apoproteína mais abundante nas quilomicra mas a apo B48 é
fundamental para a formação desta lipoproteína. Nas situações
patológicas, em que não há apo B, as quilomicra não se formam.
Importante
a noção que as apoproteínas contendo apo B ( quilomicra, VLDL,
IDL, LDL ) transportam lípidos para as células enquanto que as apo
A ( ligadas a HDL ) transportam colesterol das células para o
fígado, para a sua catabolização, sendo este fenómeno designado
de transporte reverso do colesterol. O transporte reverso do
colesterol compreende 3 fases:
- efluxo do colesterol das células extra-hepáticas para o plasma
- modificação intravascular do colesterol, por processo envolvendo LCAT, com transferência dos ésteres de colesterol para a apo B
- transferência do colesterol para os hepatócitos
A
transferência do colesterol é processada envolvendo as HDL, que são
captadas por receptores, sendo transferidos os ésteres de colesterol
por retroendocitose ou translocação.
Por
retroendocitose entende-se endocitose mediada por receptor. Os
macrófagos captam as HDL recebendo os ésteres de colesterol,
intervindo neste processo CETP e CI
Receptores
BE ( receptores que reconhecem apo B e apo E )
A
maioria das LDL só é catabolizada após fixação aos receptores da
membrana celular. O receptor tem 2 zonas funcionais e uma de ligação,
na parte externa da membrana e na zona de internalização, no
folheto interno dessa membrana. Os receptores são sintetizados nos
ribossomas, onde se encontra como precursor dos receptores, que migra
para o complexo de Golgi. É no cromossoma 19 que se encontra o gene
destes receptores BE. Os lisosomas captam as LDL, sendo as proteínas
hidrolizadas em aminoácidos e os ésteres de colesterol e ácidos
gordos são formados a partir do colesterol.
De
referir que os macrófagos não possuem receptores para as LDL mas
captam LDL modificadas.
Proteína
modificada à lipoproteína ( LPR )
Com
5 domínios funcionais, a LPR não reconhece a apo B, ligando-se
fracamente à VLDL, mas com alta afinidade aos remanescentes da VLDL
ricos em apo E.
Existem
os receptores para VLDL, receptores 2 das apo E e receptores das HDL.
Estudos
efectuados para avaliação do risco coronário não revelaram os
doseamentos séricos de apo A-I e apo B terem vantagem sobre as
lipoproteínas convencionais ( HDL, VLDL, LDL, IDL, quilomicra )
apesar de haver associação estatística entre apo A-I e doença
coronária, sendo o custo inferior quando usamos as lipoproteínas
convencionais comparativamente com as apolipoproteínas.
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