sábado, novembro 19, 2016

Associação entre vitamina D e clínica na DII

Associação entre vitamina D e clínica na DII

O papel da vitamina D na DII tem-se vindo a tornar evidente, tendo-se já verificado que doentes com DII e baixas concentrações séricas de 25-OH-vitamina D apresentam maiores necessidades de terapêutica com corticóides, terapêuticas biológicas, narcóticos, entradas na urgência hospitalar, internamentos hospitalares, exames de tomografia computorizada e intervenções cirúrgicas comparativamente com doentes que apresentam concentrações de vitamina D dentro dos limites da normalidade.
Os doentes com baixas concentrações de vitamina D, estejam em deficiência, insuficiência ou hipovitaminose D, apresentam também situações mais dolorosas, os scores dos índices de actividade da doença estão mais elevados e a qualidade de vida é inferior aos doentes com concentrações de vitamina D normais.
Doentes com DII habitualmente apresentam concentrações baixas de vitamina D séricas, estando este facto associado a uma mais alta morbilidade e severidade clínica.

DII é um quadro patológico que engloba, entre outras patologias, a colite ulcerosa e a doença de Crohn, e caracteriza-se por inflamação crónica do tracto gastrointestinal, sendo de patogenia desconhecida mas em que há uma desregulação imunológica.
A vitamina D tem acção sobre a regulação da imunidade inata e adaptativa. A vitamina D tem acção sobre as células T CD4+, favorecendo a maturação dos linfócitos Th2, comparativamente com os Th1 e Th17, e favorece e aumenta a produção de citoquinas anti-inflamatórias como IL-4, IL-5 e IL-13.
A vitamina D também actua nas células dendríticas, causando diminuição da produção e diferenciação das Th1 com consequente diminuição significativa de produção de IL-2, γ-interferão e α-TNF.
Importante mecanismo pelo qual os monócitos humanos eliminam os patogéneos é a autofagia. Este mecanismo ocorre através da acção de proteínas antibacterianas libertadas localmente pela vitamina D.

Estudos epidemiológicos têm evidenciado relação inversa entre a concentração sérica da vitamina D e o estado clínico do doente com DII.
A incidência e prevalência da DII segue um gradiente Norte-Sul, sendo mais elevadas nos climas frios e mais baixas nas zonas vizinhas do Equador, o que sugere um papel protector da vitamina D.
Estudos efectuados para avaliarem da relação entre a concentração sérica da vitamina D e a clínica da DII verificaram não haver diferenças da PCR e da VS entre os doentes com concentrações altas ou baixas de vitamina D.
Doentes com baixas concentrações de vitamina D apresentam mais e mais intensas queixas de dores abdominais comparativamente com doentes com níveis normais de vitamina D.
Terapêutica cirúrgica é efectuada com uma frequência sensivelmente vez e meia da efectuada nos doentes com concentrações de vitamina D normais ( 30% vs 20% ) sendo também a terapêutica cirúrgica efectuada mais agressiva nos doentes com baixa concentração de vitamina D. Também doentes em remissão apresentam-se mais frequentemente com concentrações normais de vitamina D comparativamente com os doentes que têm baixa concentração sérica de vitamina D.

Tem-se vindo a aceitar que deficiência de vitamina D se associa com maior actividade da doença, seja colite ulcerosa seja doença de Crohn, bem como pior qualidade de vida no caso da doença de Crohn. Também o risco de terapêutica cirúrgica é superior nos doentes com baixa concentração de vitamina D bem como de hospitalização e necessidade de corticoterapia.

Foi verificado que os homens jovens constituem o grupo com maior risco de se encontrarem em deficiência de vitamina D. Mecanismos genéticos e hormonais podem explicar este facto uma vez que os estrogéneos têm acção protectora contra a deficiência de vitamina D. Claro que o tipo de vida e hábitos dietéticos deste grupo também têm influência nesta maior prevalência.


Evidências demonstram que a vitamina D tem acção sobre a clínica das DII. Já foi demonstrado que suplementação de vitamina D em doentes com DII tem uma acção positiva sobre a clínica e nomeadamente sobre o aparecimento de crises.   

Infestação por helmintas: alternativa terapêutica nas DII

Infestação por helmintas: alternativa terapêutica nas DII

A microbiota intestinal humana tem sido estudada como elemento interveniente em muitas patologias, desde obesidade até alterações psiquiátricas passando por perturbações do desenvolvimento.
No intestino humano vivem frequentemente bactérias, virus, fungos e parasitas como os helmintas ( Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Ancylostoma duodenale, Taenia solium ).
Mais de 2 biliões de pessoas estão infestadas por helmintas, que são transmitidos via fecal-oral através dos seus ovos. Os helmintas não se replicam no hospedeiro e originam infecção crónica causando efeitos importantes a nível imunológico.
Os helmintas provocam uma resposta imunológica tipo 2 que se caracteriza pela expressão de citoquinas IL-4, IL-5 e IL-13, anticorpos IgG1, IgG4 e IgE, eosinofilia, basofilia, aumento dos mastócitos e macrófagos activados pela via alternativa e células Th2. Pensa-se que este tipo de resposta imune tem por objectivo gerar tolerância no organismo ao parasita.
Acredita-se que nas sociedades desenvolvidas poderá o controlo imunológico da infestação se perder por haver uma diminuída exposição a helmintas e assim alergias e doenças auto-imunes surgem mais frequentemente, sendo a este fenómeno que se atribui a designação de teoria da higiene.

Verificou-se que a infestação por parasitas, e nomeadamente Trichuris trichiura, pode causar melhoria e ausência de sintomatologia de DII.
Estudos demonstraram que há paralelismo entre o número de ovos de Trichuris trichiura e o estado clínico da DII ( crise ou remissão ), sendo que quanto maior for o número de parasitas melhor é a situação clínica do doente. A colonização deste parasita foi acompanhada por melhoria histopatológica incluindo normalização da arquitectura tissular e recuperação da integridade epitelial.
Foi observado que na colite ulcerosa activa se observam células Th17 enquanto que na infestacção por Trichuris trichiura e na remissão da colite ulcerosa, as células presentes são Th2 ( Th IL-22 + ), concluindo-se que a colonização por Trichuris trichiura tem efeitos benéficos por causar hiperplasia das células caliciformes intestinais e aumento da produção de muco pelas citocinas das células Th2 e IL-22.

Dado as bactérias da microbiota interagirem constantemente com o sistema imune foi determinado que a redução de células Th2 em doentes com colite ulcerosa se associava a microbiota alterada, uma vez que havia proliferação de algumas espécies de bactérias do cólon e diminuição de outras na presença de inflamação colónica.
Foi verificado que a colonização com helmintas leva a uma maior diversidade bacteriana intestinal diminuindo ou terminando com a disbiose intestinal existente previamente ao tratamento com helmintas.
Bacteroides vulgatus é uma bactéria causadora de defeitos funcionais e estruturais das células intestinais. Infestação com Trichuris trichiura de macacos NOD2 negativo leva a uma resistência a B. vulgatus dependente de imunidade tipo 2 e esta infestação promove mudanças na microbiota para uma forma protectora que se caracteriza por sobre-expressão de Clostridia.


Verificou-se em doentes com DII que há uma diversidade superior da microbiota quando infestados por helmintas comparativamente com doentes não infestados, observando-se também um nível inferior de Bacteroides. Alterações em sentido oposto verificam-se surgir quando os doentes infestados são submetidos a tratamento anti-helmínticos.

Origem do cálcio tem importância no risco cardiovascular

Origem do cálcio tem importância no risco cardiovascular

Estudos revelaram que o cálcio dos suplementos alimentares pode estar relacionado mais fortemente a risco cardiovascular comparativamente com o cálcio que se obtém da dieta, tendo-se mesmo estabelecido um valor superior em 27% quando comparamos o risco de calcificação das artérias coronárias.
Estes estudos e estes dados estão ainda em fase não conclusiva e há conclusões em sentidos opostos, havendo mesmo quem afirme que em quantidades recomendadas o cálcio de origem dietética e o cálcio dos suplementos alimentares são igualmente seguros.

O metabolismo do cálcio dos suplementos dietéticos é diferente do metabolismo de cálcio alimentar.

Monitorização da glicemia em doentes diabéticos

Monitorização da glicemia em doentes diabéticos

Em diabéticos, sejam tipo I ou tipo II, há necessidade de monitorização contínua da glicemia. Este processo consiste de um monitor colocado no corpo do doente, que se liga a um dispositivo, como um iPhone, durante um período de tempo de cerca de 1 semana, e que dá um sinal com a glicemia por forma a que o doente possa vê-la cada 5 minutos e aperceber-se da sua subida ou descida.
A monitorização contínua dá informações muito superiores às obtidas pela determinação da glicemia por tiras em sangue total por picada no dedo e desta forma fazer a insulinoterapia mais adequadamente.

Há no entanto a necessidade de fornecer instruções aos doentes por forma a conseguirem usar estes novos métodos de monitorização contínua da glicemia.


sexta-feira, novembro 18, 2016

Resumo estatístico do 3º ano do blogue

Resumo estatístico do 3º ano do blogue


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segunda-feira, novembro 14, 2016

Associação entre nível sérico de vitamina D e clínica na DII

Associação entre nível sérico de vitamina D e clínica na DII

Vitamina D joga um papel importante na clínica da DII. Foi verificado que a administração de vitamina D a doentes com DII, por forma a manter as concentrações de 25-OH-vitamina D dentro dos limites recomendados, resulta numa necessidade menor de recorrência aos serviços de saúde por parte destes doentes.

Estudos revelaram que doentes com DII e níveis baixos de vitamina D necessitam de maiores concentrações de esteróides, medicamentos biológicos, narcóticos e CAT scans, ingressos na urgência e/ou hospitalares e intervenções cirúrgicas comparativamente com doentes com DII e níveis mais elevados de vitamina D. Os doentes com níveis mais baixos de vitamina D apresentam queixas dolorosas mais graves, scores mais elevados e pior qualidade de vida.

Concentrações de vitamina D inferiores às consideradas dentro dos valores de referência são comumente observadas em doentes com DII e associam-se a taxas de morbilidade e mortalidade altas, o que demonstra a associação entre vitamina D e DII, sendo assim importante a monitorização da vitamina D nestes doentes.
DII, e particularmente doença de Crohn e colite ulcerosa, caracteriza-se por ser uma patologia inflamatória crónica que afecta o tracto gastrointestinal e na qual joga um papel primordial a desregulação imunológica. A vitamina D, tem-se vindo a verificar ter capacidade de ter função reguladora do sistema imunológico inato e adaptativo, actuando directamente sobre as células T CD4+, favorecendo a maturação Th2 e inibindo a Th1 e Th17, e aumentando a produção de citoquinas anti-inflamatórias como IL- 4, IL-5 e IL-13. Vitamina D pela sua acção sobre as células dendríticas leva a um decréscimo de produção e diferenciação de Th1 pelo que assim diminui a produção de α-TNF, γ-INF e IL-2.
Autofagia também joga um importante papel na DII. Autofagia é utilizada pelos monócitos na eliminação de patogéneos, e ocorre pela acção de proteínas anti-bacterianas libertadas localmente pela vitamina D.

Foi verificada repetidamente deficiência em vitamina D em doentes com DII e relação inversa entre concentração de vitamina D e estado clínico de doentes com DII.
Verifica-se haver prevalência significativamente inferior de deficiência de vitamina D nos doentes em remissão.
Foi verificado haver correlação positiva entre os níveis de vitamina D e a actividade da DII e pior qualidade de vida, aumento de hospitalizações e intervenções cirúrgicas bem como necessidade de corticoterapia.
As principais causas de déficit de vitamina D nos doentes com DII não estão claras, mas acredita-se que contribuam para esta deficiência circunstâncias como diminuição do intake dietético de vitamina D, menor exposição solar, diminuição de absorpção causada pela mucosa intestinal inflamada e diminuição de absorpção dos ácidos biliares em doentes que sofreram resseção ileocecal.
Verificou-se que os níveis mais baixos de vitamina D são observados em doentes jovens do sexo masculino. Mecanismos genéticos e hormonais podem explicar este dado, pois que foi demonstrado que os estrogéneos são protectores contra a deficiência de vitamina D. Também o modo de vida e hábitos alimentares podem ter acção neste sentido.


Pode-se dizer que concentrações baixas de vitamina D são frequentes em doentes com DII e estes doentes com níveis baixos de vitamina D apresentam actividade da doença aumentada, mais queixas dolorosas, necessidades aumentadas de medicação biológica, esteróides e narcóticos, e necessidades aumentadas de recorrer aos serviços de saúde superiores comparativamente com doentes com níveis mais elevados de vitamina D. A vitamina D é pois um factor de risco, independente, de surgimento de crises, e a suplementação de vitamina D a estes doentes tem efeito benéfico no curso da doença em todas as suas fases.