segunda-feira, novembro 14, 2016

Associação entre nível sérico de vitamina D e clínica na DII

Associação entre nível sérico de vitamina D e clínica na DII

Vitamina D joga um papel importante na clínica da DII. Foi verificado que a administração de vitamina D a doentes com DII, por forma a manter as concentrações de 25-OH-vitamina D dentro dos limites recomendados, resulta numa necessidade menor de recorrência aos serviços de saúde por parte destes doentes.

Estudos revelaram que doentes com DII e níveis baixos de vitamina D necessitam de maiores concentrações de esteróides, medicamentos biológicos, narcóticos e CAT scans, ingressos na urgência e/ou hospitalares e intervenções cirúrgicas comparativamente com doentes com DII e níveis mais elevados de vitamina D. Os doentes com níveis mais baixos de vitamina D apresentam queixas dolorosas mais graves, scores mais elevados e pior qualidade de vida.

Concentrações de vitamina D inferiores às consideradas dentro dos valores de referência são comumente observadas em doentes com DII e associam-se a taxas de morbilidade e mortalidade altas, o que demonstra a associação entre vitamina D e DII, sendo assim importante a monitorização da vitamina D nestes doentes.
DII, e particularmente doença de Crohn e colite ulcerosa, caracteriza-se por ser uma patologia inflamatória crónica que afecta o tracto gastrointestinal e na qual joga um papel primordial a desregulação imunológica. A vitamina D, tem-se vindo a verificar ter capacidade de ter função reguladora do sistema imunológico inato e adaptativo, actuando directamente sobre as células T CD4+, favorecendo a maturação Th2 e inibindo a Th1 e Th17, e aumentando a produção de citoquinas anti-inflamatórias como IL- 4, IL-5 e IL-13. Vitamina D pela sua acção sobre as células dendríticas leva a um decréscimo de produção e diferenciação de Th1 pelo que assim diminui a produção de α-TNF, γ-INF e IL-2.
Autofagia também joga um importante papel na DII. Autofagia é utilizada pelos monócitos na eliminação de patogéneos, e ocorre pela acção de proteínas anti-bacterianas libertadas localmente pela vitamina D.

Foi verificada repetidamente deficiência em vitamina D em doentes com DII e relação inversa entre concentração de vitamina D e estado clínico de doentes com DII.
Verifica-se haver prevalência significativamente inferior de deficiência de vitamina D nos doentes em remissão.
Foi verificado haver correlação positiva entre os níveis de vitamina D e a actividade da DII e pior qualidade de vida, aumento de hospitalizações e intervenções cirúrgicas bem como necessidade de corticoterapia.
As principais causas de déficit de vitamina D nos doentes com DII não estão claras, mas acredita-se que contribuam para esta deficiência circunstâncias como diminuição do intake dietético de vitamina D, menor exposição solar, diminuição de absorpção causada pela mucosa intestinal inflamada e diminuição de absorpção dos ácidos biliares em doentes que sofreram resseção ileocecal.
Verificou-se que os níveis mais baixos de vitamina D são observados em doentes jovens do sexo masculino. Mecanismos genéticos e hormonais podem explicar este dado, pois que foi demonstrado que os estrogéneos são protectores contra a deficiência de vitamina D. Também o modo de vida e hábitos alimentares podem ter acção neste sentido.


Pode-se dizer que concentrações baixas de vitamina D são frequentes em doentes com DII e estes doentes com níveis baixos de vitamina D apresentam actividade da doença aumentada, mais queixas dolorosas, necessidades aumentadas de medicação biológica, esteróides e narcóticos, e necessidades aumentadas de recorrer aos serviços de saúde superiores comparativamente com doentes com níveis mais elevados de vitamina D. A vitamina D é pois um factor de risco, independente, de surgimento de crises, e a suplementação de vitamina D a estes doentes tem efeito benéfico no curso da doença em todas as suas fases.

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