Associação
entre nível sérico de vitamina D e clínica na DII
Vitamina D joga um papel importante na clínica da DII.
Foi verificado que a administração de vitamina D a doentes com DII,
por forma a manter as concentrações de 25-OH-vitamina D dentro dos
limites recomendados, resulta numa necessidade menor de recorrência
aos serviços de saúde por parte destes doentes.
Estudos revelaram que doentes com DII e níveis baixos
de vitamina D necessitam de maiores concentrações de esteróides,
medicamentos biológicos, narcóticos e CAT scans, ingressos na
urgência e/ou hospitalares e intervenções cirúrgicas
comparativamente com doentes com DII e níveis mais elevados de
vitamina D. Os doentes com níveis mais baixos de vitamina D
apresentam queixas dolorosas mais graves, scores mais elevados e pior
qualidade de vida.
Concentrações de vitamina D inferiores às
consideradas dentro dos valores de referência são comumente
observadas em doentes com DII e associam-se a taxas de morbilidade e
mortalidade altas, o que demonstra a associação entre vitamina D e
DII, sendo assim importante a monitorização da vitamina D nestes
doentes.
DII, e particularmente doença de Crohn e colite
ulcerosa, caracteriza-se por ser uma patologia inflamatória crónica
que afecta o tracto gastrointestinal e na qual joga um papel
primordial a desregulação imunológica. A vitamina D, tem-se vindo
a verificar ter capacidade de ter função reguladora do sistema
imunológico inato e adaptativo, actuando directamente sobre as
células T CD4+, favorecendo a maturação Th2
e inibindo a Th1 e Th17,
e aumentando a produção de citoquinas anti-inflamatórias como IL-
4, IL-5 e IL-13. Vitamina D pela sua acção sobre as células
dendríticas leva a um decréscimo de produção e diferenciação de
Th1 pelo que assim
diminui a produção de α-TNF,
γ-INF
e IL-2.
Autofagia também
joga um importante papel na DII. Autofagia é utilizada pelos
monócitos na eliminação de patogéneos, e ocorre pela acção de
proteínas anti-bacterianas libertadas localmente pela vitamina D.
Foi verificada
repetidamente deficiência em vitamina D em doentes com DII e relação
inversa entre concentração de vitamina D e estado clínico de
doentes com DII.
Verifica-se haver
prevalência significativamente inferior de deficiência de vitamina
D nos doentes em remissão.
Foi verificado haver
correlação positiva entre os níveis de vitamina D e a actividade
da DII e pior qualidade de vida, aumento de hospitalizações e
intervenções cirúrgicas bem como necessidade de corticoterapia.
As principais causas
de déficit de vitamina D nos doentes com DII não estão claras, mas
acredita-se que contribuam para esta deficiência circunstâncias
como diminuição do intake dietético de vitamina D, menor exposição
solar, diminuição de absorpção causada pela mucosa intestinal
inflamada e diminuição de absorpção dos ácidos biliares em
doentes que sofreram resseção ileocecal.
Verificou-se que os
níveis mais baixos de vitamina D são observados em doentes jovens
do sexo masculino. Mecanismos genéticos e hormonais podem explicar
este dado, pois que foi demonstrado que os estrogéneos são
protectores contra a deficiência de vitamina D. Também o modo de
vida e hábitos alimentares podem ter acção neste sentido.
Pode-se dizer que
concentrações baixas de vitamina D são frequentes em doentes com
DII e estes doentes com níveis baixos de vitamina D apresentam
actividade da doença aumentada, mais queixas dolorosas, necessidades
aumentadas de medicação biológica, esteróides e narcóticos, e
necessidades aumentadas de recorrer aos serviços de saúde
superiores comparativamente com doentes com níveis mais elevados de
vitamina D. A vitamina D é pois um factor de risco, independente, de
surgimento de crises, e a suplementação de vitamina D a estes
doentes tem efeito benéfico no curso da doença em todas as suas
fases.
Sem comentários:
Enviar um comentário