domingo, janeiro 06, 2013

Enolase Neurónio Específica - NSE


Enolase Neurónio Específica - NSE

A NSE é uma enzima glicolítica existente na forma de várias isoenzimas diméricas: α-α, α-β, β-β, γ-γ, etc.
A  enolase  é  uma  metaloenzima  dimérica,  em  que  cada  subunidade tem 40-50 Kda. As subunidades


apresentam uma orientação antiparalela, interactuando entre si por meio de 2 pontes salinas, envolvendo uma arginina e um glutamato cada.
O domínio N-terminal das subunidades possui três α-hélices e 4 folhas β. O domínio C-terminal possui 2 folhas β e duas α-hélices, terminando com um barril composto por folhas β e α-hélices alternadas.
Os 2 iões de Mg²+ , necessários para a actividade catalítica, são fundamentais na neutralização de cargas negativas. Apresenta um pH óptimo de 6.5.

As isoenzimas γ-γ e α-γ são também chamadas de enolases neurónio específicas ( NSE ) , encontradas principalmente nos neurónios e células neuroendócrinas.
Concentrações elevadas de NSE são detectadas em doentes com carcinoma medular da tiroide, tumores das ilhotas pancreáticas, feocromocitoma, neuroblastoma e carcinoma pulmonar de pequenas células. Diagnosticamente tem relativa especificidade ( 85 % ) para o carcinoma pulmonar de pequenas células. Utiliza-se na monitorização terapêutica e indica recidivas antes da evidência clínica se manifestar.
A função da NSE é catalizar a transformação de 2-fosfoglicerato em fosfoenolpiruvato.
A NSE apresenta-se aumentada no soro em situações de tumores de origem neuroectodérmica ( neuro-blastomas, meduloblastomas, retinoblastomas ), tumores de origem neuroendócrina ( carcinomas da medula tiroideia, feocromocitomas, carcinoma de pequenas células pulmonar ), seminoma e carcinoma renal, além de doenças pulmonares benignas, insuficiência renal e doenças hepáticas benignas.
No neuroblastoma, a NSE correlaciona-se com o prognóstico, mas não é útil para o acompanhamento das recidivas. O uso primário da NSE é no carcinoma de pequenas células do pulmão, situação em que em 70% ou mais dos casos está elevado.
O valor da concentração sérica da NSE pode estar aumentado por erros de técnica laboratorial, tão normais quanto um tempo de separação do soro superior a 60 minutos, como resultado da libertação da NSE pelas plaquetas. Soros hemolizados e/ou ictéricos podem também dar valores falsamente elevados de NSE pela libertação da enzima dos eritrócitos.
A NSE apresenta boa correlação entre as suas concentrações séricas e a resposta à quimioterapia ou radioterapia, em doentes com carcinoma pulmonar de pequenas células.
A utilização da NSE em derrames pleurais, foi verificado ser útil na diferenciação entre derrames de etiologia neoplásica com outros de diferentes etiologias, nomeadamente tuberculose, linfomas ou doenças benignas.
A NSE também tem importância como factor de prognóstico nos casos de paragem cardiopulmonar, como avaliador dos danos cerebrais, em que determinações precoces de NSE séricas dão grande informação no prognóstico da evolução da doença. A NSE é um conhecido indicador de lesão cerebral isquémica.
A NSE é uma enzima glicolítica, intracitoplasmática, encontrada quase exclusivamente nos neurónios e células de origem neuroendócrina, existindo em quantidades desprezíveis no sangue periférico ( soro ). No cérebro, a NSE encontra-se predominantemente na massa cinzenta, sendo baixa a concentração na massa branca. Dado a NSE estar presente nos eritrócitos, a hemólise interfere, subindo, na concentração sérica da NSE. Tem alta estabilidade nos fluidos biológicos e pode difundir-se do meio extracelular para o LCR, podendo ser determinada no líquor e sangue. A sua semi-vida é de cerca de 24 horas.


Sistema neuroendócrino


As concentrações séricas da NSE não se correlacionam com o estadiamento do carcinoma pulmonar de pequenas células.
A enolase encontra-se em todos os tecidos dos mamíferos. A isoenzima α-́α ( enolase não neuronal ) é a forma mais frequente. A subunidade β encontra-se predominantemente nos músculos estriados e cardíaco. No sistema nervoso central encontram-se 3 isoenzimas da enolase: α-α, α-γ e γ-γ. Dado a subunidade γ da enolase ter configuração idêntica à da proteína cérebro específica, as isoenzimas α-γ e γ-γ foram caracterizadas como enolase neurónio específicas ( NSE ). A NSE foi no entanto encontrada na pineal, hipófise, tiroide, medula da supra-renal e pâncreas ( ilhotas de Langherhans ), sendo por isso considerada um marcador molecular das células neuroendócrinas centrais e periféricas. Isoenzima α-γ da NSE foi detectada em tecidos não endócrinos como músculo liso, tecido fibromuscular, células epiteliais brônquicas e pneumócitos tipo II.
A determinação sérica da NSE, parece ser um instrumento válido, para o diagnóstico do carcinoma de pequenas células do pulmão, combinando aceitável grau de sensibilidade com alto grau de especificidade. Além disso, a NSE pode ter utilidade na estimativa da extensão da doença, não havendo correlação significativa entre a concentração sérica da NSE e o número e locais específicos de metástases na doença avançada, e entre nível sérico e tissular, mostrando que altos níveis tissulares não correspondem a altos níveis séricos de NSE.
A NSE ( elevada em 93-100 % dos carcinomas pulmonares de pequenas células e em 27-57 % dos de não pequenas celulas ) é um marcador potencial para acompanhar o curso clínico de doentes com cancro do pulmão de pequenas células.
A actividade da enolase pode ser inibida pelo fluoreto e pelo fosfato. A NSE é um marcador tumoral muito sensível para distinguir carcinomas brônquicos neuroendócrinos de outros tipos de carcinomas brônquicos, além de diferenciar os seus mimetizadores mais frequentes no diagnóstico histopatológico convencional, que são os carcinomas da mama e os linfomas.
A ocorrência da NSE deve ser o parâmetro mais seguro para a identificação de células neuroendócrinas em tecidos sadios e tecidos pulmonares doentes.
Está determinado que tumores neuroendócrinos do pulmão que expressam NSE, têm a sua origem em células epiteliais multipotentes das vias aéreas. Entretanto, outras células também expressam a NSE. Além dos neurónios, células neuroendócrinas e tumores neurogénicos também expressam esta enzima as células dos músculos lisos, plaquetas, linfócitos T e B, eritrócitos, células da ansa de Henle, mácula densa do rim, sistema de condução do coração, pneumócitos tipo II, células epiteliais dos brônquios e outras.
As células pulmonares neuroendócrinas podem aparecer solitárias ou em forma de corpos neuroepiteliais. Estes corpos neuroepiteliais representam um grupo de receptores intraepiteliais capazes de funcionar em acções reflexas, central e local, em relação a estímulos químicos e mecânicos como hipóxia e nicotina, através de receptores sensitivos localizados na membrana. Tanto os corpos neuroepiteliais como as células neuroendócrinas solitárias sintetizam, armazenam e libertam grande variedade de substâncias bioactivas. Também contribuem para a redistribuição de fluxo sanguíneo pulmonar, regulação do tônus broncomotor, modulação da resposta imune, estimulação de fibras nervosas sensoriais, regulação do crescimento e desenvolvimento do pulmão e relação destas células neuroendócrinas com tipos específicos de cancro broncogénico.

A NSE é um marcador tumoral útil no diagnóstico diferencial de líquidos pleurais benignos e malignos, e como marcador de diferenciação neuroendócrina pleural.





Sem comentários:

Enviar um comentário