Ferro,
zinco carne bovina e cognição
O desenvolvimento
cognitivo das crianças é influenciado fortemente pela ingestão
inadequada de quantidades insuficientes de proteínas e energia,
estando desta forma a sua capacidade de aprendizagem comprometida.
Mesmo deficiências
nutricionais de muito curto prazo, como sejam o passar fome ou pular
uma refeição como o pequeno-almoço, podem contribuir para uma
performance académica alterada.
A subnutrição,
resultante da ingestão inadequada de alimentos, pode contribuir para
déficites cognitivos e prejudicar sua capacidade de viver de forma
independente.
Deficiência de
ferro e zinco podem afectar a cognição. Estes elementos são
componentes essenciais do cérebro e participam de forma importante
nas funções do SNC incluindo a produção e catabolismo dos
neurotransmissores. Deficiência de ferro contribui para falhas
cognitivas, incluindo menor performance neuropsicológico.
Deficiências de ferro em crianças pequenas podem originar
consequências neuropsicológicas irreversíveis.
O zinco apresenta
também acção sobre a performance neuropsicológica, embora em
menor grau e menos estudada que as apresentadas pelo ferro.
O termo “função
cognitiva” engloba a capacidade de perceber, pensar e lembrar. A
nutrição é o factor mais importante que afecta a expressão de
cognição geneticamente determinada.
A subnutrição
severa reduz a interacção da criança com o meio ambiente, que por
sua vez pode levar a problemas de atenção, memória de curto prazo
e fraco desempenho escolar.
Foi verificado que o
correcto suplemento nutricional em ferro e zinco apresenta efeitos
benéficos de longa duração na memória, mas apenas nas crianças
que o receberam antes dos 18 meses de idade.
Deficiências de
ferro e zinco podem estar envolvidas em muitos dos mesmo efeitos
atribuídos à subnutrição de proteínas e energia. As carnes
vermelhas, como a carne bovina, são as principais fontes de ferro e
zinco biodisponíveis alimentares.
Papel
do ferro no desenvolvimento e na função cognitiva
Deficiência de
ferro é um problema nutricional prevalente. Embora a prevalência de
deficiência de ferro tenha diminuído nos últimos anos, continua a
ser a alteração nutricional mais prevalente. Bebés, crianças na
puberdade e mulheres em idade reprodutiva são quem mais risco apresenta de
deficiência de ferro. A forma mais severa de deficiência de ferro é
a anemia por deficiência de ferro.
Crianças com rápido
crescimento estão em risco de desenvolverem carência de ferro. Após
os 2 anos de idade, o risco de deficiência de ferro diminui como
resultado dum crescimento mais lento e dieta mais diversificada.
A deficiência de
ferro pode afectar a função cognitiva de forma directa ou
indirecta. Directamente, a deficiência de ferro leva a um menor
nível cerebral de ferro, o que causa uma mielinização prejudicada
das células nervosas e neurotransmissores, particularmente a
dopamina. Estas alterações podem contribuir para alteração na
maturação e função de vários aspectos do SNC.
De forma indirecta,
a carência de ferro pode afectar o comportamento cognitivo,
diminuindo a atenção e a resposta ao ambiente que pode originar
menores experiências de aprendizagem e menor habilidade de adquirir
informação.
Modelos animais
indicam que a deficiência precoce de ferro ( antes dos 18 meses de
idade nos homens ) reduz o armazenamento de ferro no cérebro, o que
pode prejudicar a actividade de enzimas ferro-dependentes necessárias
para a síntese, função e degradação de neurotransmissores como a
dopamina.
Para obtenção de
todo o potencial cognitivo do indivíduo, é fundamental a ingestão
adequada de ferro desde o início da infância até ao final da vida
adulta.
Devido às mudanças
neurais mais complexas no cérebro humano, após o nascimento, o
desenvolvimento cognitivo do bebé é considerado como
particularmente vulnerável à deficiência de ferro. Crianças que
tiveram anemia por deficiência de ferro, em pequenas, apresentam
desempenho pior tanto mental como motor e apresentam-se, quando
maiores, mais retraídas, cautelosas, indecisas e mantêm uma maior
proximidade física com suas mães comparativamente com os que não
tiveram deficiência de ferro. Estes tipos de comportamento podem
levar a uma menor interacção com o ambiente, e esta menor
interactividade levar a um comprometimento do desenvolvimento
intelectual.
Estudos demonstram
que o aumento da ingestão de ferro em crianças com deficiência,
melhora o seu desempenho nos testes de desenvolvimento mental e motor
a um nível semelhante ao das crianças sem deficiência.
Importante questão
é a de saber se os efeitos adversos da falta de ferro, no
desenvolvimento e função cognitiva, são persistentes ou não.
Estudos indicam que estes efeitos são reversíveis quando o
tratamento é adequado, mas há estudos que concluem no sentido
contrário, sendo que parece serem estes últimos os mais
consistentes tanto para actividades mentais como motoras. Daqui se
poderá concluir que deficiência em ferro nos primeiros meses de
vida acarretam influência negativa de longo prazo na cognição.
Anemia por
deficiência de ferro em idade pré-escolar ( 3-6 anos ) associa-se a
piores processos cognitivos específicos como memória de curto
prazo, atenção, discriminação de aprendizagem ou tarefas críticas
para resolver problemas visuais. A correcção de deficiências de
ferro nestas idades, leva a melhores resultados do que a que se obtém
em idades mais precoces.
Nestas idades, 3-6
anos, as crianças com deficiência de ferro apresentam alteração
de atenção, estímulo e motivação, tendem a ser menos alegres e a
responder menos ao seu ambiente comparativamente com as crianças sem
deficiência de ferro.
Anemia por
deficiência de ferro associa-se com menor capacidade de aprendizagem
e desempenho académico e a suplementação com ferro melhora estes
desempenhos.
Em adultos, a
deficiência de ferro foi associada a anormalidades
electrofisiológicas do cérebro e cognição anormal.
Mais altos níveis
de ferritina sérica foram associados a maior activação do
hemisfério esquerdo cerebral do que do direito. O status do ferro
foi significativamente relacionado com o desempenho cognitivo. Mais
alta ferritina sérica prevê maior fluência verbal mas menor
desempenho em tarefas auditivas não verbais. Estes factos indicam
que as reservas de ferro são relevantes para processos
neurofisiológicos de sustentação da atenção.
Em mulheres adultas,
dietas para perda de peso podem reduzir o status do ferro e assim a
capacidade de manter a atenção, mesmo com ingestão adequada de
ferro.
Pesquisadores
sugerem que a incapacidade de manter a atenção pode ser um sinal
inicial de desenvolvimento funcional de deficiência de ferro na
presença dum status normal deste elemento.
Papel
do zinco no desenvolvimento e função cognitiva
A deficiência
ligeira de zinco é relativamente frequente e pode verificar-se mesmo
em populações bem nutridas. A baixa ingestão e a baixa
disponibilidade do zinco podem comprometer o status deste elemento.
Também processos fisiológicos, como o crescimento das crianças ou
a gravidez, podem originar uma deficiência de zinco.
A biodisponibilidade
do zinco depende dos alimentos ingeridos, sendo menor nos alimentos
de origem vegetal que contêm fitatos.
Os mecanismos pelos
quais o zinco influencia a cognição não estão claros. Sabe-se que
o zinco é essencial para a maturação do cérebro e para a sua
função. Certos neurónios do hipocampo são ricos em zinco e 8-10%
do zinco existente dentro dos neurónios é transportado em vesículas
e pode ser trocado com outros neurónios.
O zinco é libertado
no espaço interneuronal durante a transmissão quando pode modular
respostas de receptores de neurotransmissores excitatórios e
inibitórios.
O zinco tem papel
crítico no desenvolvimento do SNC, tanto antes como depois do
nascimento. Enzimas zinco-dependentes têm papel nos processos de
replicação de células necessárias para o crescimento do cérebro
e os neurotransmissores zinco-dependentes influenciam a memória. O
zinco também actua em processos metabólicos fora do SNC como sejam
o transporte de hormonas e produção de percursores de
neurotransmissores que afectarão o SNC.
O zinco é essencial
para a função neuropsicológica. A deficiência de zinco associa-se
com malformações estruturais no cérebro e mudanças nas enzimas e
proteínas importantes para a neurotransmissão. Menor atenção,
memória e capacidade de aprendizagem aparecem e associam-se a estado
de deficiência de ferro. A deficiência de zinco interfere com a
performance cognitiva reduzindo a actividade motora e aumentando a
natureza emocional.
O desempenho
neuropsicológico, incluindo habilidades motoras finas e grossas e
coordenação visual e manual, atenção, percepção visual, memória
de curto prazo, formação de conceitos e raciocínio abstracto
revela-se melhor aquando da concentração de zinco superior
comparativamente com estado de carência.
Particularmente
importante é o status do zinco materno durante a gestação para o
desenvolvimento do SNC fetal e da sua função cognitiva na vida
extrauterina.
Devido ao
envolvimento de enzimas dependentes do zinco no metabolismo
neuronal, foi hipotetizado que a deficiência de zinco se associa a
demência senil do tipo Alzheimer. Metabolismo prejudicado do zinco,
especificamente os baixos níveis de plasma em timulina ( peptídeo
transportador do zinco ), foi verificado nos doentes com aquela
demência.
O zinco tem acção
sobre a memória.
A carne bovina é um
importante fornecedor de zinco biodisponível, sendo a principal
fonte de fornecimento do zinco.
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