quarta-feira, outubro 26, 2016

Monitorização proactiva da terapêutica com infliximab

Monitorização proactiva da terapêutica com infliximab

A monitorização das drogas usadas nas terapêuticas é uma arma poderosa para a melhoria da clínica dos doentes e optimizar os cuidados de saúde.
A monitorização do infliximab actualmente é realizada fundamentalmente por métodos ELISA.

Foi feito um estudo comparativo entre determinações por métodos ELISA e um método point-of-care, e verificou-se que este método pode com satisfação substituir aqueles métodos mais trabalhosos e demorados com resultados sobreponíveis na monitorização da terapêutica com infliximab. De referir que enquanto os resultados obtidos pelos métodos ELISA ficam disponíveis ao fim de cerca de 8 horas, o método point-of-care fornece resultados ao final de cerca de 15 minutos, o que o torna um método ideal para a actuação no ajustamento da dose.


Este método point-of-care baseia-se numa técnica de imunoensaio de fluxo lateral em sandwich que usa um α-TNF revestido por marcador e um anticorpo altamente específico para detectar infliximab numa amostra de soro. Apresenta-se em cassetes.

Infliximab é uma droga anti-αTNF usada nas DII, sendo uma IgG1 monoclonal quimérica composta por uma região variável murina ( 25 % ) e uma região constante humana ( 75 % ). O infliximab tem acção de hiporregular citoquinas pró-inflamatórias locais e sistémicas, induzir a apoptose das células T e reduzir a migração para o foco inflamatório de leucócitos e linfócitos.
10-30% dos doentes com DII não respondem ao infliximab e 13% é a taxa anual de doentes que deixam de responder ao infliximab, revelando-se que muitos destes doentes que deixam de responder apresentam baixas concentrações séricas do infliximab.

Concentrações séricas de infliximab no intervalo compreendido entre 3 e 7 μg/ml são aceites como estando na janela terapêutica óptima na fase de manutenção.



Variação interindividual da concentração sérica de infliximab pode ser devida a múltiplos factores como a imunogenecidade da droga e consequente formação de anticorpos anti-infliximab é amplamente conhecido. Outros factores como IMC, albuminemia, género, hábitos tabágicos e actividade ou duração da doença apresentam efeitos sobre a farmacocinética e farmacodinâmica do infliximab e assim interferem com a biodisponibilidade e concentração sérica da droga.

Importante a monitorização terapêutica da droga para evitar ao máximo, por um lado concentrações sub-terapêuticas, e por outro concentrações mais altas do que as necessárias com as consequentes maiores possibilidades de surgimento de efeitos laterais.

Estudo realizado verificou a existência de uma boa correlação entre as técnicas analíticas do point-of-care comparativamente com os métodos ELISA empregues geralmente, apresentando coeficientes de correlação em redor de 0.900 ou superior

A maior vantagem do uso da técnica point-of-care comparativamente com as técnicas clássicas é o obter-se o resultado ao fim de cerca de 15 minutos, em vez de cerca de 8 horas, permitindo ao clínico o ajustar da dose de modo imediato e não apenas na infusão seguinte, usualmente 8 semanas mais tarde.
Como principal desvantagem da técnica point-of-care comparativamente com os métodos ELISA utilizados pode-se dizer que estes são capazes de determinar os anticorpos anti-infliximab simultaneamente enquanto que o método point-of-care existente não o faz.


Podemos concluir que a metodologia point-of-care existente é uma alternativa válida e vantajosa comparativamente com as técnicas existentes no doseamento da concentração sérica do infliximab.

4 comentários:

  1. Prezado Horácio,
    Quando você se refere a taxa anual de 13% de pacientes que deixam de responder ao Infliximab, isto implica dizer que esse medicamento teria um prazo máximo de 9 - 10 anos para não ter mais efeito num paciente que consiga ter a melhor e mais longa resposta ao tratamento. Então esse seria o tempo máximo que essa droga beneficiaria um paciente? E nesse caso, findo esse prazo, obrigatoriamente o paciente deveria utilizar outra droga?

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  2. O pacientes que têm utilizado o Inflixmab ainda estão recorrendo à cirurgia para melhoria da doença, ou essa droga tem conseguido praticamente eliminar essa necessidade? Qual seria a taxa média de taxa de remissão de pacientes que utilizam essa dorga?

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    1. Boa tarde

      A terapêutica com infliximab, bem como com outros mab's, tem diminuído de forma muito significativa a necessiadade de recorrer à cirúrgia. De referir que a cirúrgia que se emprega no tratamento da doença de Crohn não é sempre, nem sequer a maior parte das vezes, a colectomia.

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  3. Boa tarde

    Esse tempo médio de 9-10 anos seria assim se não se ajustasse a dose e restante medicação, o que na prática não se verifica e por isso é que se tenta monitorizar, cada vez de forma mais precisa e rápida.

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