sexta-feira, abril 07, 2017

Vancomicina

Vancomicina
Uso adequado de um antibiótico, ainda, potente.


A vancomicina é um antibiótico prescrito e monitorizado com grande variabilidade. É uma droga de escolha no tratamento de estafilococos meticilino-resistente.


 A vancomicina é muito usada em grandes hospitais.


A correcta administração da vancomicina deve basear-se no peso do doente ( 15 mg/Kg/dose ) embora na prática o que se faz é administrar 1 g de 12 em 12 horas, sendo a monitorização muitas vezes feita de forma aleatória, o que não é correcto.


Dosagem inicial

A dose de vancomicina deve ser da ordem dos 15 mg/Kg/dose, sendo a dose administrada cada 8-12 horas nos doentes sem alteração da função renal.


Doentes obesos devem fazer dosagem baseada no peso e ajustado com a vancomicinemia para concentração terapêutica ideal.
Em doentes graves, a dose inicial deve ser de 25-30 mg/Kg, por forma a atingir mais rapidamente uma concentração sérica adequada.


O tempo de administração, por infusão, deve ser de 90-120 minutos quando as doses individuais excedem 1 grama.

Em doentes com função renal comprometida, a dosagem deve ser:
  • clearance de creatinina > 50 ml/mn: a dose inicial deve ser 15-20 mg/Kg/dose, de 12 em 12 horas, e ajustar conforme a concentração sérica da vancomicina
  • clearance de creatinina entre 20-49 ml/mn: deve iniciar a terapêutica com 15-20 mg/Kg/dose a cada 24 horas e ajustar conforme a vancomicinemia
  • clearance da creatinina < 20 ml/mn: os intervalos de doseamento serão maiores e determinados pela concentração sérica da vancomicina



Monitorização

A monitorização da vancomicina está indicada para:
  1. aqueles doentes que fazem terapêutica com vista a concentrações séricas terapêuticas altas, da ordem dos 15-20 mg/l e não para os doentes habitualmente tratados cujo objectivo é atingir uma concentração da ordem dos 10 mg/l
  2. doentes com função renal instável ( melhorando ou piorando )


    1. risco de nefrotoxicidade
    2. doentes com necessidade de terapêutica prolongada ( mais de 3-5 dias )


A vancomicina deve ser doseada em 2 alturas: Pico e Vale. O vale é obtido antes da próxima dose, enquanto que o pico é atingido após a dose. O vale dá o valor mais acurado para a monitorização correcta.


Em doentes em condições habituais e sem insuficiência renal, o vale é encontrado quando as concentrações estão estáveis e que corresponde a 30 minutos antes da 4ª administração. O vale deve ser sempre superior a 10 mg/l com vista a concentrações terapêuticas eficazes e evitar o aparecimento de resistências.


Situações bacterianas complicadas podem exigir concentração em vale superiores a 10 mg/l ( mesmo da ordem dos 15-20 mg/l ).


Doentes com hemodinâmica estável devem fazer a monitorização semanalmente ( iniciando-se antes da 4ª dose ). Doentes com uma hemodinâmica instável devem fazer a monitorização mais frequentemente.



sábado, abril 01, 2017

Vitamina D, aterosclerose e doenças cardiovasculares

Vitamina D, aterosclerose e doenças cardiovasculares

Hipovitaminose D relaciona-se com múltiplas doenças crónicas e mortalidade associada a estas doenças. A hipovitaminose D embora seja devida principalmente à falta de exposição à luz solar, também sofre contribuição advinda de dieta pobre e outros factores de risco não controlados de forma adequada.
Inúmeros factores se relacionam com a concentração de vitamina D. Estão entre eles o sexo, raça, diabetes, terapêutica anti-hipertensiva, estado económico, suplementação de vitamina D, actividade física, hábitos alcoólicos e tabágicos, região geográfica, IMC, tensão arterial, PCR, doenças da tiróide, siderémia, folato, creatinina sérica ( relacionado com a função renal ), albuminemia, concentrações séricas das vitaminas A ou E bem como α-carotenos e licopene.
A vitamina D tem um papel bem conhecido sobre o metabolismo do cálcio e fósforo e assim no tecido ósseo e renal. Hipovitaminose D tem vindo a ser associada com várias doenças crónicas e contribui para o surgimento ou prevenção de doenças cardiovasculares, neoplasias e mortalidade associada. Estudos relacionaram hipovitaminose D com diabetes mellitus, insuficiência cardíaca congestiva, hipertensão e neoplasias. A concentração da vitamina D no soro depende fundamentalmente da exposição aos raios solares, mas factores como a dieta, actividade física e metabolismo hepático ou função renal têm alguma importância neste capítulo.

Verifica-se uma relação inversa entre os níveis de vitamina D séricos e o sexo masculino, raça africana, diabetes, hipertensão, hábitos tabágicos, proventos económicos, não suplementação de vitamina D, menos actividade física, hábitos alcoólicos, mais alta IMC ( obesidade ), tensão sistólica, hipoalbuminemia, mais elevada PCR sérica, menos saturação da transferrina sérica, mais alta concentração sérica da lipoproteína (a), diminuição dos carotenos no soro, α-caroteno sérico, licopene, siderémia, folatos séricos e eritrocitários, vitamina C sérica bem como vitamina A sérica e vitamina E sérica.

Verificou-se também uma inversão da correlação entre níveis séricos de vitamina D e mortalidade por doença cardíaca coronária. Mortalidade global associa-se de forma inversa com a concentração de vitamina D sérica.

25-OH-vitamina D e doença arterial periférica

25-OH-vitamina D e doença arterial periférica

Doença arterial periférica é uma manifestação de doença aterosclerótica que se associa de forma significativa à patologia coronária e mortalidade cardiovascular. Verifica-se que estados de hipovitaminose D se associam de forma importante com patologia cardiovascular, tendo-se concluído que existe correlação entre baixos níveis de 25-OH-vitamina D e doença arterial periférica, independentemente da raça, embora os africanos sejam mais atingidos que os caucasianos e o aumento do risco é da ordem dos 30%.


Concentração de 25-OH-vitamina D depende da exposição à luz solar e intake dietético, e é influenciada por factores individuais como a raça onde os indivíduos de raça negra apresentam o pigmento eumelanina na pele em maior concentração, o que bloqueia a conversão de 7-dehidrocolesterol em vitamina D. Aumentando os níveis de vitamina D, tanto em negros como em brancos, através da suplementação ou por um modesto aumento de exposição à luz solar, pode reduzir a incidência de doença arterial periférica.

Novos conhecimentos sobre vitamina D

Novos conhecimentos sobre vitamina D

Estudos e teorias sobre os efeitos da vitamina D estão a multiplicar-se e conclusões sobre os mais diversos aspectos têem vindo a ser tiradas como sejam efeitos sobre cefaleias, resfriados, fracturas ósseas e mesmo cancro e esclerose múltipla. Há, no entanto, quem afirme que a vitamina D não revela efeitos sobre estas ou outras patologias.
Estudos preliminares relacionam hipovitaminose D com patologias do foro respiratório como gripe e resfriado. No entanto, estudos clínicos feitos sobre este tema chegaram a conclusões contrárias entre eles. Os estudos também mostraram que a posologia da vitamina D não era indiferente, sendo que a toma diária se revelou mais eficaz comparativamente com a toma semanal ou mensal em doses elevadas. A administração de suplemento de vitamina D é segura e os efeitos laterais são raros. Estes estudos concluiram, assim, que a correcção dos níveis séricos de vitamina D se revelam eficazes na prevenção de doenças respiratórias. De referir que estes efeitos benéficos são principalmente observados em doentes com uma concentração de 25-OH-vitamina D inferior a 25 nmol/l.
Foram também feitos estudos para relacionarem a concentração de vitamina D com cefaleias, tendo-se verificado que homens com hipovitaminose D apresentavam mais frequentemente cefaleias comparativamente com os que não tinham aquela deficiência vitamínica, bem como a severidade dessas cefaleias era superior.

A suplementação de vitamina D não deve ser universal. Estudos recentes mostraram que a suplementação de vitamina D pode causar um número aumentado de quedas e fracturas ósseas entre idosos em vez de ter o efeito protector pretendido. Este aumento de fracturas provocadas por quedas pensa-se ser motivada por acção da vitamina D sobre os músculos. Suplementação de vitamina D em grávidas pode causar alergias alimentares mais tarde na vida.


A pele dum adulto jovem, em perfeitas condições de saúde e ambientais, produz diariamente entre 10000 e 20000 UI ( 250 – 500 μg ). Alguns alimentos, como peixes gordos, carne, ovos e outros produtos, podem dar algum suplemento em vitamina D mas insuficiente para o ser humano.

Efeitos sobre o coração da prática desportiva intensa

Efeitos sobre o coração da prática desportiva intensa

A prática desportiva efectuada de forma intensa, como o fazem os atletas de competição, tem repercussões sobre o coração que se observam de modos vários. Assim, foi verificado o coração apresentar alterações anatómicas significativas, tanto no tamanho como na espessura da parede e massa ventriculares esquerdas derivadas da prática desportiva intensa, sendo tanto mais acentuadas essas alterações cardíacas quanto mais intenso for o treino.


Ecocardiograma é um exame mandatório, em todas as idades incluindo crianças pequenas, antes do início da prática desportiva para o despiste de eventuais alterações cardíacas já existentes sem nada terem a ver com a prática desportiva.