Hipoalbuminemia
em Doença de Crohn
Hipoalbuminemia é a
baixa da concentração de albumina no soro. Uma concentração
sérica de albumina inferior a 3.5 g/dl é considerada
hipoalbuminemia e as causas mais prováveis para tal estado são a
desnutrição, especialmente quando o aporte de aminoácidos é
reduzido, stress como na cirúrgia, nos traumatismos, nas infecções,
nas irradiações ou nas queimaduras.
A concentração da
albumina no soro é um parâmetro importante na indicação do
estado nutricional. No entanto, dado ser uma proteína de fase aguda
negativa, a sua baixa concentração pode ser indicativa do estado
inflamatório do doente.
Na Doença de Crohn
podemos encontrar tanto um estado nutricional diminuído como um
estado inflamatório. Estas 2 situações, no entanto, não revelam
associação entre elas.
Verifica-se relação
significativa entre actividade inflamatória e hipoalbuminemia,
demonstrando uma sensibilidade de 100% na identificação de
inflamação activa.
Recentemente foi
demonstrada a importância de algumas citoquinas, nomeadamente IL-6,
IL-1 e α-TNF, como sendo
mediadores inflamatórios importantes.
Num estado
inflamatório, a IL-6 é responsável pelas alterações das
concentrações plasmáticas das proteínas de fase aguda, sejam elas
positivas, como a PCR, fibrinogéneo ou ferritina, ou sejam elas
negativas, como a albumina, pré-albumina ou transferrina. O
principal mecanismo regulador da síntese proteica acontece pela
modificação da transcripção genética na célula hepática e não
tanto pelo menor aporte de aminoácidos ao fígado.
Aumento de
citoquinas pró-inflamatórias é um dado relevante na Doença de
Crohn, bem como noutras doenças inflamatórias intestinais, e
verificam-se níveis aumentados de α-TNF,
IL-1β ou IL-6 na mucosa
intestinal inflamada e nos monócitos do sangue periférico. De
referir que outras manifestações clínicas da Doença de Crohn,
como alterações do metabolismo ósseo, com perda de massa óssea e
déficit de crescimento, se correlacionam com o aumento das
citoquinas inflamatórias
Hipoalbuminemia
|
|
Discreta
|
2.8
– 3.5 g/dl
|
Moderada
|
2.1
– 2.7 g/dl
|
Grave
|
<
2.1 g/dl
|
Apesar da
concentração sérica da albumina ser um parâmetro indicador do
estado nutricional do doente, não se consegue fazer uma correlação
entre estado nutricional e índice prognóstico de várias doenças e
nomeadamente Doença de Crohn ou hepatopatias.
A presença de
desnutrição não se correlacionou com actividade de Doença de
Crohn.
Verificou-se que
todos os doentes com Doença de Crohn em actividade, apresentam
hipoalbuminemia, sendo sugerido que a semi-vida da albumina ( cerca
de 20 dias ) não interfere no resultado da concentração sérica
baixa da albumina.
Verifica-se, com
alguma frequência, que existe hipoalbuminemia em doentes com Doença
de Crohn inactiva na ausência de má absorpção, perdas entéricas
ou urinárias. Hipoalbuminemia não se correlaciona com a duração
dos sintomas nos doentes com Doença de Crohn, localização e
extensão da mucosa ulcerada.
Na Doença de Crohn,
o nível de risco de ocorrências de infecção bacteriana, e mesmo
sépsis, é aumentado devido às translocações bacterianas que
podem ocorrer pela perda de eficiência da barreira mucosa e das
alterações de funcionalidade da mucosa associada ao tecido
linfóide. Na Doença de Crohn há uma predominância de
hipoalbuminemia, perda proteica intestinal e balanço nitrogenado
negativo.
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