Características virais de Sars CoV 2 críticas para o vírus nas vias aéreas humanas
Enormes trabalhos científicos estão a ser efectuados, por todo o mundo, para se atingir terapêuticas eficazes e vacinas contra a Covid 19.
Foram descobertas importantes características genómicas virais cruciais para a replicação de Sars CoV 2, nas vias aéreas humanas, e suas mutações, que determinam uma acentuada taxa de replicação e determinam as células alvo.
Esta descoberta indicia que o envelope glicoproteico do vírus ( E ) apresenta funções específicas nas células respiratórias de fundamental importância e é indicado que os resíduos 5 e 6 jogam papel chave nas actividades de E nas células humanas.
O vírus entra nas células hospedeiras através da sua proteína S ( Spike protein ) que se liga à enzima ECA 2 ( angiotensina convertase 2 ), que assim tem a função de receptor da proteína S e da fusão das membranas. Esta fusão das membranas ( viral e celular humana ) é vital para a internalização sendo que depende de uma função de protease do hospedeiro, a qual faz a clivagem da proteína S em 2 subunidades após a sua ligação ao ACE 2.
O local de clivagem da proteína furina nas 2 subunidades permite a protease furina preparar a proteína S antecipadamente e dessa forma aumentar a eficácia da penetração viral por meio de uma fusão.
Outras proteínas virais, como as da membrana, nucleocapsídeo e envelope proteico, apresentam os seus próprios significados funcionais e estruturais. A entrada do vírus na célula desencadeia a tradução do RNA genómico viral levando à produção das proteínas virais, nomeadamente a proteína nsp 1-16.
Entre estas proteínas virais encontra-se o complexo replicase-transcriptase viral bem como outros factores virais que permitem a evasão ao sistema imunológico do hospedeiro.
O complexo de replicação Sars CoV 2 apresenta sofisticados genes revisores capazes de estabilizar o genoma contra erros, mas isso não tem sido impeditivo de surgirem muitas mutações do vírus reportadas. Algumas destas mutações se associam a benefícios na replicação viral ou infecciosidade viral, tal como é exemplo a mutação D614G na proteína Spike que levou a que esta mutação se tenha tornado rapidamente dominante. São estas mutações que fazem diferir os CT's dos diferentes Sars CoV 2. A maioria das mutações apresentam-se nas proteínas S, E e não estruturais.
Foi verificado que o vírus é muito específico em relação ao seu hóspedeiro sendo que G614 apresenta uma eficácia de replicação superior à de D614. Os dados de replicação mostram a ligação de alguns aminoácidos com os fenótipos da doença indicando que estes resíduos transportam traços virais requeridos para a replicação eficaz.
Foi concluído que o local de clivagem da furina é vital nas células brônquicas. Foi evidenciado o papel chave jogado pelo local de clivagem da furina e as posições 5-6 do envelope proteico como decisoras da infecciosidade e eficácia da replicação viral nas células respiratórias humanas.
Mutações como ORF3a e nsp 2 também foram reportadas como tendo influência na replicação viral. ORF3a tem uma estrutura de canal iónico que promove a apoptose e a inflamação.
Mutações nas posições 5 e 6 da proteína E ( V5G/A ou S6W ) correlacionam-se com replicação eficiente muito atenuada nas células bronquiais.
Foi verificado existirem características chave no genoma do Sars CoV 2 essenciais ao crescimento viral no epitélio respiratório bem como variantes que determinam a eficácia da replicação e o tropismo celular.
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