terça-feira, janeiro 19, 2021

Testes rápidos para Covid 19

 

Testes rápidos para Covid 19



Testes utilizados no despiste de Covid 19 são os testes por PCR ou testes moleculares e testes serológicos.




Os testes PCR pesquizam o RNA viral e, num contexto clínico e/ou epidemiológico suspeito, no momento da realização da colheita para análise dizem-nos se há ou não infecção por Sars CoV 2.

Os testes serológicos pesquizam anticorpos contra o vírus e permitem informar se houve exposição ao Sars CoV 2 e que o organismo tentou combater com a produção de anticorpos, tendo havido ou não sintomatologia.






Testes rápidos são testes que permitem a obtenção de resultados num curto espaço de tempo, minutos geralmente, não necessitando de equipamento laboratorial. Os testes rápidos para Covid 19 têm como objectivo identificar se o vírus está presente no organismo na altura da sua realização.




Informam-nos da existência, ou não, de infecção activa num contexto clínico e/ou epidemiológico sugestivo. Os testes rápidos para Covid 19, utilizados em grande escala, pesquizam proteínas virais específicas. São estas proteínas de superfície virais, o antigéneo viral, indutoras de resposta imunitária e por este facto os testes rápidos também são conhecidos por testes de antigéneo. São testes que utilizam uma tecnologia manual e por isso são mais baratos que os testes PCR. As amostras para os testes rápidos são exsudados nasofaríngeos obtidos por zaragatoa nasal e/ou oral, tal como se faz para as amostras dos testes PCR.




Os testes rápidos apresentam uma sensibilidade inferior à dos testes PCR e assim o número de falsos negativos é maior nestes testes rápidos do que nos PCR.




Por regra, um resultado negativo de um teste rápido não permite excluir, com absoluta certeza, uma infecção por Sars CoV 2, sendo que o resultado tem de ser interpretado em conjunto com a informação clínica e epidemiológica do doente. Um teste PCR pode ser necessário para um doente com teste rápido negativo por forma a tirar dúvidas da real situação da pessoa.




Os testes PCR apresentam muito elevada sensibilidade e especificidade, sendo capazes de detectar concentrações muito reduzidas de RNA viral na amostra. Os falsos positivos são muito raros e os falsos negativos são substancialmente mais raros do que os falsos negativos dos testes rápidos.

A alta sensibilidade dos testes PCR origina casos de falsos positivos nas situações em que há detecção de RNA do Sars CoV 2 várias semanas após o iniciar da sintomatologia apesar do doente já não estar infectado pelo vírus da Covid 19.




O teste diagnóstico de eleição para a Covid 19 é o teste por rt-PCR realizado em amostras de exsudado nasal obtidas por zaragatoa.




Quando se devem utilizar os testes rápidos em Covid 19 ?

Os testes rápidos são muito úteis nas seguintes situações:

  • em surtos e na testagem repetida de pessoas em situação de risco com a finalidade de identificar positivos e fazer o seu isolamento e limitar o contágio

  • quando há limitada disponibilidade de testes PCR e/ou a clínica do doente exige um resultado mais rápido do que é permitido por um teste PCR

  • diagnóstico de doentes sintomáticos, nas fases iniciais da infecção ( início da sintomatologia há menos de 5-7 dias ), altura em que a replicação viral é muito rápida e a probabilidade de existir em quantidades elevadas no organismo é grande




A suspeita clínica de Covid 19 é baseada na sintomatologia do doente, nomeadamente febre e sintomatologia respiratória ( tosse, dispneia, etc.). Também doentes com sintomatologia respiratória baixa grave, sem causa aparente. Outros sintomas que podem apontar para Covid 19 são distúrbios do cheiro e paladar, mialgias e diarreia. A suspeita deve sempre ser elevada para todos os pacientes com a sintomatologia descrita e aumenta o grau de suspeita para quem resida ou tenha viajado nos 14 dias prévios para locais com grande transmissão comunitária ou quem tenha tido contacto com doentes confirmados ou suspeitos de Covid 19 nos últimos 14 dias. Por contactos chegados queremos significar contactos a menos de 2 metros de distância por mais de uns minutos sem equipamento de protecção individual ou terem tido contacto directo com secreções infecciosas. Não há dados clínicos específicos que distingam com segurança Covid 19 de outras doenças respiratórias mas o desenvolvimento de diarreia alguns dias após o surgimento da sintomatologia compatível com Covid 19 aponta para este síndrome.




Anosmia e mialgias estão fortemente correlacionadas com positividade do teste para Covid 19. “Covid toes” são lesões roxas nos dedos dos pés, podendo também aparecer nos dedos das mãos, e sugerem Covid 19 mas não podem dar uma certeza absoluta de diagnóstico.






Complicações extrapulmonares podem surgir em doentes com Covid 19 como sejam lesões cardíacas, AVC isquémico e outros fenómenos tromboembólicos e complicações inflamatórias ( ex.: síndrome inflamatório multissistémico das crianças ).




Quem deve ser testado para Covid 19 ?





Os doentes sintomáticos devem ser testados pois o diagnóstico não pode ser definitivo sem um teste positivo. Nos casos de incapacidade de testagem de todos os doentes sintomáticos, devem-se seguir prioridades. A mais alta prioridade de testagem inclui doentes hospitalizados, principalmente os críticos com doença respiratória inexplicável e doentes sintomáticos trabalhadores de cuidados de saúde ou que apresentem factores de risco de doença grave.




Em doentes assintomáticos também pode, em certos casos, ter grande importância a sua testagem, como é o caso após contacto próximo com doente infectado Covid 19. A ocasião da testagem para esta situação, embora não esteja ainda completamente estabelecido o prazo, deve ser 5-7 dias após o contacto. A duração da quarentena também pode ter a sua determinação ajudada por testagem para Sars CoV 2. Testagem deve ser feita em pessoas assintomáticas com a finalidade de uma identificação mais precoce em pessoas que co-habitam com indivíduos de alto risco para doenças graves, como é o caso de prisões e outros estabelecimentos.




Também screening de doentes hospitalizados por outras patologias deve ser feito, mesmo em casos assintomáticos, em localizações com uma positividade para PCR superior a 10% na comunidade. Outra indicação para testar pessoas assintomáticas é o pré-operatório e previamente a procedimentos geradores de aerossóis. Doentes que vão fazer terapêuticas imunossupressoras, incluindo transplantes, devem ser testados sempre.





Doentes diagnosticados previamente de Covid 19 não devem ser testados, se estiverem assintomáticos, nos 3 meses seguintes àquele diagnóstico devido à possibilidade reduzida de um teste positivo representar uma infecção activa.




Interpretação do resultado e testagens adicionais

Um teste positivo para rt-PCR geralmente informa o diagnóstico não sendo, regra geral, necessário mais testagens. No entanto, em doentes hospitalizados pode haver necessidade de outros testes.

Doentes com Covid 19 podem apresentar RNA de Sars CoV 2 por semanas mas este prolongado espaço de tempo não indica que tenha de haver infecciosidade. Há mencionado na literatura que pode haver positividade do teste PCR após provada eliminação total do vírus mas isto não significa estarmos em face de recaída ou reinfecção.




Para muitos indivíduos, um teste negativo PCR é suficiente para afirmar não haver infecção, no entanto falsos negativos já foram documentados. Teste negativo num doente com clínica sugestiva deve levar a uma repetição do teste dentro das 24-48 horas seguintes.






Doentes que apresentam 3-4 semanas de curso da doença e são PCR negativos devem ser sujeitos a testes serológicos. Nesta situação o IgG deve ser o escolhido. Uma positividade para IgG, nestes doentes, é sugestiva de Covid 19, enquanto que a negatividade sugere uma diminuída probabilidade de estarmos em presença de um doente com Covid 19. No entanto, o resultado do teste serológico depende de ensaio específico e da duração da doença.

Resultados indeterminados ou inconclusivos podem indicar que um ou mais genes que o teste PCR detecta foram detectados. Estes resultados podem ser considerados como presumivelmente positivos e devem ser os testes repetidos.

Os testes PCR apresentam raros resultados falsos positivos. Falsos negativos aparecem em cerca de 5 a 40 % dos casos dos testes PCR.




O tipo de amostra testada também influencia na qualidade do resultado. Enquanto que amostras do tracto respiratório inferior apresentam mais alta quantidade viral, e assim são mais frequentemente positivas, o contrário acontece com o tracto respiratório superior. O lavado broncoalveolar e a expectoração apresentam as taxas mais elevadas de positividade comparativamente com as amostras da orofaringe.

Dentre as amostras do tracto respiratório superior, as amostras da nasofaringe, nasal e saliva são as de mais alta sensibilidade, enquanto que a sensibilidade da orofaringe é a menor.

Estudos sugerem que a sensibilidade obtida por amostras de saliva comparadas com amostras colhidas por zaragatoa da nasofaringe apresenta uma correlação da ordem dos 85% ou mais alta.

A duração da infecção também influencia no resultado sendo que estudos demonstram que no dia da expectoração há 100% de falsos negativos, 38% no dia 5 ( estimado pelo dia em que se iniciam os sintomas ), 20% no dia 8 e 66% no dia 21.

Os testes serológicos utilizando IgM são frequentemente falsos positivos.


Os testes rápidos ou testes de antigéneo podem ser uma alternativa aos testes PCR em certas situações como diagnóstico clínico nas fases iniciais da infecção, numa altura em que a replicação viral é muito alta. O teste deve ser feito nos primeiros 5-7 dias de sintomatologia.




Se se efectua um teste PCR para confirmar um resultado negativo de um teste de antigéneo, aquele teste PCR deve ser realizado nas 48 horas seguintes ao teste antigéneo.

O valor CT médio para amostras que apresentam um teste antigéneo negativo mas PCR positivo era superior ao valor médio CT para as amostras com ambos os resultados positivos ( CT 32 vs CT 23.7 ) sugerindo que a sensibilidade do teste antigéneo é superior para mais altas cargas virais.


Testes serológicos na identificação de infecção prévia ou tardia

Testes serológicos, de pesquiza de anticorpos, identificam doentes que tiveram infecção anterior por Sars CoV 2. Estes testes são menos prováveis reagirem nos primeiros dias da infecção e por isso são pouco úteis na fase aguda da doença.

Estes testes devem pesquisar IgG ou anticorpos totais mais que IgM dada a falsa positividade elevada do IgM. Também são de pesquisar IgA ou testes de diferenciação IgG/IgM devido à sua superior acuidade.




Testagem após a vacinação contra Covid 19

Testagem de rotina não deve ser efectuada nos indivíduos vacinados para Covid 19 a menos que por razões clínicas como sintomatologia de Covid 19 ou exposição a infectados.




A vacinação não influencia nos resultados dos testes virais, sejam eles por PCR ou teste antigéneo, pelo que um teste positivo num doente vacinado não deve ser atribuído a influência da vacina.

A vacinação deve levar a um resultado reactivo nos testes serológicos que detectam o anticorpo à proteína S. Este teste serológico não é capaz de distinguir entre infecção prévia e vacinação prévia.

Vacinação não leva à positividade de um teste serológico que detecte apenas a proteína nucleocapsídeo.




Os testes de anticorpos não devem ser realizados antes de 14 dias após o início da sintomatologia e aumentam a positividade com o passar do tempo

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