Leucemia
linfocítica crónica
Leucemia
linfocítica crónica ( LLC ) é uma patologia que resulta da
proliferação neoplásica de linfócitos B maturos, que infiltram a
medula óssea e circulam no sangue periférico, e que afecta,
predominantemente, indivíduos de meia idade ou idosos, atingindo uma
incidência de dez por cem mil, por ano, em pessoas de 65 anos, atingindo
mais os brancos que os negros ou asiáticos.
Nas
fases iniciais da doença, apresenta-se praticamente assintomática
sendo, com o evoluir da doença, observados linfadenopatias,
hepatopatia e esplenomegalia. Há uma alteração da função B e T
e diminuição da concentração das imunoglobulinas. Fenómenos
autoimunes também são frequentes. Linfocitose absoluta de 5000/μl
ou mais de 10000/μl é
critério de estabelecimento de diagnóstico de LLC.
O
estudo do sangue periférico é essencial no diagnóstico de LLC,
sendo o estudo da medula óssea ( mielograma ) de menor importância
em comparação com a biópsia óssea, que dá informação
importante tanto para o diagnóstico como para o prognóstico.
O
esfregaço do sangue periférico mostra uma população uniforme de
pequenos linfócitos maturos, com núcleo redondo, cromatina em
grumos ( frequentemente semelhando um mosaico ).
Sombras
de Gumprecht são dados muito indicativos mas não patognomónicos.
Com o avanço da doença, anemia e trombocitopenia podem surgir.
Sombras
de Gumprecht
Anemia
hemolítica autoimune pode instalar-se, aparecendo esferócitos e
Coombs directo positivo. Pode ser observada policromasia e
reticulocitose. Trombocitopenia pode verificar-se e ser por
destruição autoimune das plaquetas. O esfregaço do sangue
periférico mostra geralmente eritrócitos normais.
Doentes
com LLC podem apresentar prolinfócitos ( células com nucléolos
proeminentes e citoplasma abundante ).
Muitos
pequenos linfócitos, uma mancha de Gumprecht e um prolinfócito
No
mielograma verifica-se haver hipercelularidade, com número aumentado
de linfócitos maturos, com morfologia uniforme. Células
hematopoiéticas normais são reduzidas e há uma queda contínua com
a progressão da doença. Valores de 30% ou 40% de linfócitos na
medula óssea têm sido sugeridos para estabelecer o diagnóstico de
LLC, mas ainda não foi estabelecido um valor de forma consensual,
sendo no entanto um valor de 30%, em amostra não hemodiluída, um
valor bem fundamentado.
Medula
óssea infiltrada por linfócitos em LLC
Quando
a LLC é complicada por anemia hemolítica autoimune a medula óssea
apresenta uma hiperplasia eritróide e, nos casos acompanhados por
trombocitopenia autoimune há um aumento do número de megacariócitos
. Quando a aplasia eritrocitária pura complica LLC verifica-se haver
uma falta dos precursores eritrocitários para além dos
proeritroblastos.
Nas
situações de transformação prolinfocitóide da LLC, número
aumentado de prolinfócitos é observado na medula óssea. Quando
infiltração ocorre, as células usualmente têm a morfologia dos
linfomas pleomórficos de grandes células B, frequentemente com sinais de imunoblastos ( imunoblastos são células grandes, com
citoplasma fortemente basófilo e grande núcleo com um nucléolo
central grande proeminente ) .
Na
biópsia óssea, usualmente, a grande maioria das células
neoplásicas são pequenos linfócitos, ligeiramente maiores que os
linfócitos normais que apresentam
núcleos com cromatina em grumos, nucléolos insignificantes, e pouco
citoplasma.
Para além dos pequenos linfócitos, observam-se ainda prolinfócitos e para-imunoblastos ( células de tamanho médio com muito citoplasma
não muito basofilico, um núcleo grande com nucléolos proeminentes
).
Quatro
padrões histológicos são vistos na infiltração medular na LLC:
intersticial, nodular, difusa e mista de intersticial e nodular. O
padrão difuso é o de pior prognóstico de todos os tipos de
infiltração, sendo o padrão intersticial acompanhado de menor
sobrevivência comparativamente com o padrão nodular.
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