Técnicas especiais aplicáveis ao diagnóstico da medula óssea
Técnicas especiais aplicáveis ao diagnóstico da medula óssea incluem citoquímica, imunofenotipagem por imunocitometria ou citometria de fluxo, citogenética e análise de genética molecular, exame ultraestrutural, cultura para microorganismos e cultura para progenitores celulares.
Colorações citoquímicas e histoquímicas
a) coloração de Perls: A coloração de Perls demonstra a hemossiderina nos macrófagos medulares e dentro dos eritroblastos, permitindo a avaliação dos depósitos de ferro intra e extracelulares. Um mínimo de 7 fragmentos são necessários para uma correcta avaliação dos depósitos de ferro na medula óssea.
A graduação dos depósitos de ferro intramedular pode ser feita seguindo a tabela seguinte:
Sideroblastos são eritroblastos que, na coloração de Perls, apresentam 1-5 grânulos contendo ferro, distribuídos pelo citoplasma. Em doentes hematologicamente normais, com depósitos de ferro mantidos, 20-50% dos eritroblastos medulares são sideroblastos. A avaliação dos sideroblastos inclui, para além do número, a presença de sideroblastos anormais, onde se incluem os sideroblastos em anel, com os grânulos mais que, como normalmente, dispersos pelo citoplasma.
Inclusões de hemossiderina em plasmócitos, aparecem em situações de sobrecarga de ferro, como a hemocromatose, e aparecem como granulações verde escuras quando coradas por May-Grünwald Giemsa, sendo usada a coloração de Perls para confirmar.
Imunofenotipagem
Antigenes podem ser expressados na superfície celular, dentro do citoplasma ou intranuclear, sendo estes antigenes detectados, em conjunto ou isoladamente, dependendo da técnica utilizada. Muitos anticorpos monoclonais, que reagem com antigenes mielóides ou linfocíticos, são descritos por um cluster de diferenciação ( CD ) numerado. Um dado número CD refere-se a um grupo de anticorpos que reconhecem o mesmo antigene, e também referem ao antigene expressado. Nem todos os anticorpos com o mesmo número CD têm exactamente a mesma reactividade com células normais ou anormais. Existem ainda alguns importantes anticorpos a que não está atribuído um número CD, como é o caso de FMC7.
Se existem em circulação um número significativo de células anormais, é conveniente fazer a imunofenotipagem citométrica no sangue periférico. De outro modo, esta técnica deve ser realizada no aspirado de medula óssea ou outro líquido biológico ( LCR, exsudado seroso ou suspensão celular de um nódulo linfático ou outro tecido ).
Limitações à técnica de imunofenotipagem por citometria de fluxo englobam um infiltrado anormal que pode não estar representado no aspirado em quantidade significativa, que é o que vulgarmente acontece no linfoma folicular com infiltração paratrabecular, e pode também ocorrer em qualquer linfoma no qual há uma deposição de reticulina aumentada na área infiltrada, e que interfere com a aspiração das células anormais. Outra situação é o caso em que as células neoplásicas são, em número, ultrapassadas pelas células reactivas, como sucede no linfoma de Hodgkin e no linfoma de células B rico em células T, em que a imunofenotipagem pode se relacionar apenas com os linfócitos T reactivos e não com a população, menor, de células neoplásicas.
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