segunda-feira, dezembro 10, 2012

Proteína β-2-Microglobulina

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Proteína β-2-Microglobulina




A β-2-microglobulina é a cadeia leve associada aos sistemas HLA-A, HLA-B e HLA-C ( HMC I ). Esta proteína apresenta-se na superfície da membrana celular, de forma abundante, em linfócitos e monócitos bem como em várias linhagens tumorais. Desconhece-se ainda a função da β-2-microglobulina podendo estar implicada na expressão de antigéneos de superfície bem como na sua biossíntese.
β-2-microglobulina é uma proteína de baixo peso molecular eliminada quase na totalidade pela filtração glomerular renal. É captada, por endocitose, nos túbulos contornados proximais, sendo filtrada e degradada a aminoácidos.
A concentração sérica da β-2-microglobulina está elevada em diferentes patologias, como SIDA, hemopatias ( linfoma de Hodgkin ou não Hodgkin, LLC, mieloma múltiplo ou linfadenopatias imunoblásticas ), doenças autoimunes ( doença de Crohn, LES, síndrome de Sjögren ), doenças infecciosas ( mononucleose infecciosa, CMV, hepatite C ), hemodiálise e rejeição de transplante.
A baixa da concentração da β-2-microglobulina, ainda que se possa associar a alguns tumores, em princípio não apresenta significado clínico excepto na monitorização terapêutica.
A β-2-microglobulina aparece em concentrações aumentadas na urina em doenças como o síndrome de Fanconi, doença de Wilson, transplante renal, doenças do colagéneo, poliartrite reumatóide, galactosemia congénita não tratada, nefrocalcinose, deplecção crónica de potássio, síndrome de Sjögren, cistinose, nefrite intersticial, tubulopatias por agentes nefrotóxicos ( cádmio, mercúrio, aminoglicosídeos ), nefrotoxicidade por cisplatina ou ciclosporina. à semelhança do que se passa com a concentração no soro, também a diminuição da concentração urinária da β-2-microglobulina não apresenta significado clínico.
β-2-microglobulina é formada por 2 cadeias polipeptídeas sendo uma cadeia pesada, com estrutura antigénica, e uma cadeia leve. A determinação sérica auxilia na actividade imune celular bem como marcador tumoral dos linfócitos.


Proteína β-2-microglobulina humana

A proteína β-2-microglobulina é sintetizada no sistema linfático.

No complexo HLA-I a proteína β-2-microglobulina apresenta-se paralela à cadeia α3 do HLA da superfície celular, mas diferindo desta cadeia por não ter porção transmembrana. Imediatamente acima da β-2-microglobulina encontra-se a cadeia α1 que, por sua vez, se encontra lateral à cadeia α2. A proteína β-2-microglobulina associa-se à cadeia α1 do complexo HLA-I bem como às moléculas CD1 e Qa.



Uma das funções atribuídas à β-2-microglobulina é a associação com a proteína da hemocromatose, HFE, que associadas, regulam a expressão da hepcidina hepática que regula a ferroportina ( transportadora do ferro ) na membrana citoplasmática dos enterócitos e macrófagos para a degradação, resultando num up-take reduzido do ferro da dieta e do ferro libertado dos eritrócitos reciclados, respectivamente. Excesso de ferro e a hemocromatose resultam da perda desta função.

A expressão celular do HMC-I ( também conhecido por HLA-I ) necessita da β-2-microglobulina. A expressão do HMC-I celular é impedida, ou diminuída de forma drástica, pela ausência da β-2-microglobulina, e na ausência do HMC-I  não se desenvolvem as células T CD8 ( subtipo celular envolvido na imunidade celular adquirida ). Concentrações elevadas de β-2-microglobulina podem aparecer. A β-2-microglobulina está presente normalmente no plasma, urina e LCR, sendo libertada durante o processo de renovação das membranas celulares. A concentração sérica da β-2-microglobulina aumenta com a idade.

Estrutura  da  β-2-microglobulina humana,  observando-se  a  cadeia  leve  ( fina ) e a cadeia pesada ( grossa )


É no sistema linfático que é sintetizada a β-2-microglobulina, consistindo esta proteína de 2 cadeias polipeptídeas, sendo uma cadeia pesada  com estrutura antigénica e a outra cadeia leve. Devido a haver uma elevada biossíntese em patologias como LLC, doença de Hodgkin e linfomas não Hodgkin ou mieloma múltiplo, altas concentrações são observadas. Também outras doenças activadoras do sistema imunocelular apresentam elevadas concentrações séricas de β-2-microglobulina
Devido ao pH urinário ser ácido, a β-2-microglobulina na urina não é estável muito tempo. A determinação das concentrações sérica e urinária da β-2-microglobulina permite fazer o diagnóstico diferencial entre uma alteração da função renal e uma activação do sistema linfático.

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