terça-feira, dezembro 04, 2012

Doença Inflamatória Intestinal

Doença Inflamatória Intestinal

A Doença Inflamatória Intestinal ( DII ) é uma denominação genérica, que engloba patologias cuja etiologia é conhecida ( colite isquémica, enterocolite actínica, infecções, etc ) ou são idiopáticas ( doença de Crohn, colite ulcerosa, colite linfocítica, colagenose, etc ). De entre todas as DII, a doença de Crohn e a colite ulcerosa são responsáveis por 80 - 90% destas patologias.
A DII é diagnosticada pela clínica, dados laboratoriais, radiologia, endoscopia e anatomo-patologia. Estas doenças têm o seu início, mais frequentemente, entre os 20 e os 30 anos, com uma maior incidência nos brancos e judeus e ligeiro predomínio do sexo feminino.
A clínica destas doenças depende da sua extensão bem como da sua gravidade.
A doença de Crohn pode apresentar sintomatologia muito discreta, bem como pode a sua sintomatologia mais evidente ser extra-intestinal, podendo atrasar, desta forma, o diagnóstico por muito tempo.


A sintomatologia inicial pode ser intestinal ou ser secundária a complicações da patologia. O início é geralmente insidioso e dependente da localização, que se pode extender da boca ao ânus e região perianal. A localização mais comum é a região ileocólica e a sintomatologia mais habitual é :
 
  • Diarreia  no geral  não  sanguinolenta,  com  5-6  evacuações  diárias,  principalmente na doença confinada ao íleo
  • Perda de peso
  • Febre baixa
  • Astenia
  • Dor abdominal, geralmente tipo cólica, na FID, refletindo a inflamação da região ileocecal; quando o cólon está envolvido, as dores podem atingir a FIE
  • Perda sanguínea, via retal, que se verifica quando há comprometimento do cólon ; lesões perianais podem estar presentes
  • Crises intermitentes
  • Episódios transitórios de obstrução intestinal parcial ou total, particularmente quando há comprometimento do intestino delgado
  • Exame físico cujos sinais são dependentes da extensão de envolvimento intestinal, severidade do quadro e suas complicações, podendo ir desde sinais inespecíficos até sinais manifestos de má absorpção intestinal:

     
          • massa abdominal em geral, se presente, na FID ou irritação peritoneal
          • fístula, abcesso ou fissuras perianais


          • manifestações extra-intestinais, como úlceras orais, artrites, artralgias, inflamação ocular, eritema nodoso, pioderma gangrenoso
          • maior incidência de litíase biliar, na forma ileal distal, devido à má absorpção, e redução do “pool” de sais biliares e hipomotilidade vesicular
  • Exames laboratoriais
          • os dados analíticos podem ser normais ou estarem ligeiramente alterados
          • anemia hipocrómica microcítica, por perda de ferro, leucocitose por vezes com eosinofilia e monocitose, hipoalbuminemia, trombocitose
          • aumento da VS, PCRα1-glicoproteína ácida
          • nas situações graves, pode verificar-se hipocaliémia, hipoclorémia, hiponatrémia, alcalose ou acidose metabólica
          • presença de leucócitos nas fezes
          • pANCA, ASCA, anticorpo anti-células do pâncreas exócrino, anticorpos anti-células gobblet
  • Exames radiológicos
          • radiografia simples do abdómen, que revela ansas dilatadas e níveis hidroaéreos, se há obstrução intestinal, ou pneumoperitoneu, se há perfuração intestinal
          • clister opaco onde se vê perda das haustras
  • Endoscopia com biópsia:  na doença de Crohn são característicos granulomas ou infiltração transmural, que se podem encontrar na biópsia de regiões de mucosa aparentemente normal; na doença de Crohn, o recto é habitualmente poupado. A extensão e gravidade das lesões encontradas no cólon é determinada pela colonoscopia, sendo que se devem efectuar biópsias mesmo na mucosa aparentemente normal

Também são de significado diagnóstico para a doença de Crohn outros parâmetros e dados de exames complementares de diagnóstico, nomeadamente:
  1. Hemograma: pode ser encontrada anemia microcítica hipocrómica ou megaloblástica; leucocitose; trombocitose ( nos casos mais graves )
  2. aumento da VS
  3. Alta frequência de anergia, que pode ser observada em 30% dos casos
  4. Hipoalbuminemia causada por desnutrição ou perdas entéricas


  5. Aumento das concentrações séricas da fosfatase alcalina, gama-glutamiltranspeptidase e bilirrubinas, nas situações de complicações hepáticas
  6. Alteração do balanço da gordura fecal, com esteatorreia, nos casos de acometimento extenso do intestino delgado
  7. Ultrassonografia, TAC ou enterorressonância magnética, que podem evidenciar situações de estenose das ansas comprometidas e abcessos

O diagnóstico diferencial faz-se com a colite ulcerosa, doenças infecciosas ( tuberculose intestinal, infecção por Yersinia enterocolitica, blastomicose, actinomicose, histoplasmose ), doença isquémica intestinal, apendicite bloqueada, perfuração intestinal bloqueada, amiloidose, sarcoidose,  forma pseudo-tumoral da esquistossomíase, ameboma, tumores ( linfomas, adenocarcinoma ) e síndrome carcinóide.

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